Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - As vendas do varejo brasileiro surpreenderam negativamente em fevereiro ao recuar 0,2 por cento por conta da pressão exercida pela fraqueza em supermercados, destacando a dificuldade da economia em imprimir recuperação consistente diante do desemprego elevado.
As vendas varejistas recuaram 0,2 por cento em fevereiro na comparação com o mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, frustrando a expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,4 por cento.
Na comparação com o ano anterior, houve perdas de 3,2 por cento, na 23ª taxa negativa seguida porém num ritmo mais fraco do que a queda de 6,9 por cento esperada na mediana das projeções.
O IBGE revisou ainda o dado de janeiro sobre o mês anterior para alta de 5,5 por cento após divulgar originalmente perdas de 0,7 por cento, uma vez que atualizou as ponderações dos setores e passou a usar 2014 como base para a pesquisa, contra 2011 anteriormente.
Embora a inflação ao consumidor tenha desacelerado com força, permitindo que o Banco Central desse início a um ciclo de redução de juros, o desemprego ainda é um obstáculo para o aumento do consumo. O país tinha no trimestre encerrado em fevereiro 13,5 milhões de desempregados.
"A conjuntura continua mostrando enfraquecimento do mercado, aumento do desemprego e massa de rendimento estável, o que acaba por influenciar a queda no comércio", avaliou a coordenadora da pesquisa, Juliana Vasconcellos
Segundo o IBGE, o setor de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tem peso importante no consumo das famílias, caiu 0,5 por cento em fevereiro na comparação com janeiro, quando havia subido 8,1 por cento na comparação mensal.
Também mostraram perdas a comercialização de Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-1,5 por cento); e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,8 por cento).
Na outra ponta, as vendas de Móveis e eletrodomésticos apresentaram ganhos de 3,8 por cento no mês.
Já o varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, subiu 1,4 por cento na base mensal.