Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - O ritmo de contração do setor de serviços do Brasil diminuiu em junho, mas ainda assim a atividade, o volume de novos negócios e o nível de empregos caíram com força diante das condições econômicas desfavoráveis, segundo a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada pelo Markit nesta terça-feira.
O PMI de serviços brasileiro ficou em 41,4 em junho sobre 37,3 em maio. Ainda que essa seja a leitura mais alta desde janeiro, é a 16ª vez seguida que o índice fica abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração.
"A pesquisa amplia as preocupações de que a economia permanecerá em contração conforme entramos no segundo semestre de 2016", disse em nota a economista do Markit Pollyanna de Lima.
O PMI de indústria também mostrou contração a um ritmo menor em junho, e com isso o PMI Composto brasileiro subiu a 42,3 no mês passado, sobre 38,3 em maio.
"O PMI Composto teve uma média de 39,9 no segundo trimestre, leitura trimestral mais baixa na história de quase nove anos e meio da pesquisa, sugerindo que o declínio no PIB deve acelerar", completou Pollyanna.
Além da dificuldade da situação econômica, os entrevistados na pesquisa de serviços citaram também a redução no volume de novos negócios, uma vez que os clientes mostram-se relutantes em se comprometer com novos projetos.
Todos os seis subsetores monitorados apresentaram quedas no número de novos pedidos, ainda que no ritmo mais fraco desde novembro, sendo que o mais afetado foi o de Correios e Telecomunicações.
O cenário levou os empresários a buscarem reduzir custos, e para isso cortaram funcionários pelo 16º mês, destacadamente no setor de Hotéis e Restaurantes.
Já os custos de insumos aumentaram em junho devido aos preços mais altos de combustíveis, energia, alimentos e matérias-primas importadas. Porém, a demanda fraca e a competição forte fizeram com que os fornecedores de serviços baixassem seus preços pelo terceiro mês seguido.
Ainda assim, permanece o otimismo diante de expectativas de condições econômicas melhores, e os empresários do setor de serviços esperam que a produção aumente ao longo do próximo ano.
A Fundação Getulio Vargas (FGV) também aponta melhora nas expectativas, que ajudou o Índice de Confiança de Serviços (ICS) do Brasil a apresentar alta em junho pela quarta vez seguida e chegar ao maior nível em um ano.