Porlamar (Venezuela), 26 set (EFE).- O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva se mostrou hoje convencido do sucesso do processo de
integração entre os países sul-americanos e africanos e destacou que
isso abrirá oportunidades inéditas de desenvolvimento para as duas
regiões.
"No momento em que nos juntamos, podemos produzir oportunidades
muito maiores do que as criadas pelo mundo desenvolvido em todo o
século passado" para os países em vias de desenvolvimento, declarou
Lula durante seu discurso na segunda Cúpula América do Sul-África
(ASA), aberta hoje tarde na ilha venezuelana de Margarita.
O presidente brasileiro lembrou que a primeira Cúpula ASA foi
organizada na Nigéria em 2006 em meio ao ceticismo sobre seu poder
de convocação e seu resultado.
Após essa primeira reunião, a integração entre América do Sul e
África "não parou de se fortalecer", disse Lula, que citou o aumento
das "trocas comerciais em mais de 50%", e as "bem-sucedidas
experiências compartilhadas no ramo da saúde e de energia".
Para ampliar ainda mais esse processo, o presidente propôs a
criação de "um grupo de trabalho fixo, permanente" que determine,
aborde e avance sobre "temas determinados" que permitam a ambas as
regiões "chegar na próxima Cúpula com resultados extraordinários".
"Graças à integração, nossos países sofreram menos pela queda da
demanda no mundo desenvolvido" derivada da crise econômica mundial,
a qual, sustentou Lula, é de responsabilidade do mundo desenvolvido.
Para o presidente, aumentar os mecanismos de cooperação permitirá
que os países sul-americanos e africanos avancem no "necessário"
reforço de sua presença "na Organização Mundial do Comércio" (OMC)
para forçar a aprovação de normas que abram o caminho para que o
comércio seja uma verdadeira "alavanca de desenvolvimento para os
países mais pobres".
A cooperação também servirá para dizer "aos países
industrializados que não podem ignorar seus compromissos
obrigatórios de redução de emissões", já que os países em
desenvolvimento são "as primeiras e maiores vítimas" da mudança
climática, sustentou Lula.
Além disso, para o presidente, os países sul-americanos e
africanos têm que "trabalhar juntos na reforma do Conselho de
Segurança da ONU, sob pena de perder a oportunidade" de serem
ouvidos no concerto internacional.
"Valeu a pena fazer a primeira (cúpula ASA) ao ver os resultados,
porque a integração entre América do Sul e África não tem mais
volta", declarou Lula, após expressar sua "alegria" por estar
presente nesta segunda edição.
A segunda Cúpula ASA termina amanhã com a assinatura de pelo
menos dois documentos oficiais, uma declaração final e um plano de
ação, que definirão a agenda de trabalho conjunto para os próximos
anos. EFE