Rio de Janeiro, 27 jul (EFE).- O Instituto Butantan descobriu a
forma como atua o veneno da cobra jararaca, que provoca hemorragias
nas vítimas de mordidas do animal.
A descoberta permitirá o futuro desenvolvimento de um antídoto
que possa inibir o efeito do veneno da cobra e evitar medidas como
amputações de membros das vítimas, informou hoje, em comunicado, o
Instituto Butantan.
A jararaca (Bothrops jararaca) é uma cobra venenosa comum em
Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai e é considerada uma
das mais perigosas da região.
Segundo o Butantan, a jararaca é a causadora de cerca de 90% dos
ataques de ofídios no Brasil e tem um veneno altamente letal.
De acordo com os pesquisadores, o veneno da jararaca tem uma
toxina conhecida como jararagina, que provoca hemorragias nas
pessoas mordidas pelo animal.
Os novos estudos permitiram estabelecer que a toxina se fixa
próxima aos vasos sanguíneos e compromete seu funcionamento,
induzindo ao sangramento local.
"O soro antiofídico produzido em cavalos é capaz de neutralizar
os efeitos sistêmicos, impedindo a morte do paciente, mas não
consegue reverter os efeitos locais tais como a hemorragia", explica
a pesquisadora Ana Maria Moura, uma das autoras do estudo, citada no
comunicado.
Segundo a especialista, a hemorragia não controlada pode deixar
sequelas graves e chegar a levar à amputação do membro afetado.
Moura acrescentou que o possível desenvolvimento de um soro que
iniba a ação da jararagina exigirá novas pesquisas e um prolongado
período de testes.
Os resultados do estudo do Instituto Butantan, no qual também
participaram pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da
Universidade de San Diego, no estado americano da Califórnia, foram
destacados em um artigo publicado na última edição da revista
científica "PLoS Neglected Tropical Diseases". EFE