Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Por observar uma retomada mais forte do que o previsto na economia e certa pressão de curto prazo na inflação ao IPCA, a XP Investimentos elevou, em relatório desta quinta-feira (15), sua projeção do PIB de 2020 para -4,6%, ante -4,8%, e para 3,4% de 3% em 2021. Para tais projeções, a corretora tem como hipótese a manutenção do teto de gastos.
Além disso, a XP aumentou sua projeção para o IPCA de 2,6% para 3,1% em 2020, mantendo os 2,6% em 2021, acreditando que o hiato do produto global, que seguirá aberto ao longo dos anos, irá impedir que a recuperação econômica leve à aceleração da inflação.
Para o PIB do terceiro trimestre, levando em conta o alto desempenho do comércio, 17,5% acima do trimestre anterior, e da indústria de transformação (21,3%), a corretora estima 7,8% frente ao trimestre anterior. A previsão anterior era de alta de 6,8%.
Na visão da XP, a adoção acelerada de novas tecnologias, o intenso suporte governamental e a perspectiva de uma vacina para a Covid-19, juntamente da retomada da demanda mundial e da alta dos preços das commodities, estão fazendo com que a economia se recupere mais rápido do que o previsto inicialmente, inclusive no Brasil.
Diferentemente de outros países, porém, no Brasil os ativos financeiros ainda não se aproximam dos níveis pré-pandemia. A maior incerteza no cenário, na perspectiva da XP, é justamente a manutenção do teto de gastos. Tal risco fiscal pesa na desvalorização do real e causa a subida das taxas de juros longas, ao contrário de muitos países. “Essa indefinição deve pesar sobre o desempenho da economia e dos ativos brasileiros nos próximos trimestres”, diz o relatório.
Para a Selic, dada a perspectiva de inflação abaixo da meta em 2021, a projeção foi mantida em 2% para 2020 e 3% para 2021.
Outras projeções divulgadas pela XP foram as da taxa de câmbio, mantidas de R$/US$ 5,20 em 2020 e R$/US$ 4,90 em 2021; déficit primário, de 12,9% do PIB em 2020 e 3,9% em 2021; dívida bruta, de 94,5% em 2020 e 96,3% em 2021, e desemprego, 15,5% em 2020 e 14,5% em 2021.
Para os EUA, a corretora atualizou suas projeções de PIB para -3,5% em 2020, ante -6% no começo de abril, e crescimento de 5% em 2021. Para a China, cuja projeção foi ainda mais impressionante, a expectativa é de alta de pelo menos 2,5% nesse ano e 8% em 2021. A zona do euro, finalmente, deve ter uma contração do PIB menor do que o consenso do mercado, liderado pela Alemanha.