Por Jonathan Spicer e Jason Lange
FILADÉLFIA (Reuters) - A chair do Federal Reserve, Janet Yellen, apresentou nesta segunda-feira avaliação largamente otimista sobre as perspectivas econômicas nos Estados Unidos e disse que altas de juros estão por vir, mas numa omissão que acionou os alertas de alguns investidores ao dar poucos sinais sobre quando isso deve acontecer.
De maneira geral, disse Yellen, "vejo bons motivos para esperar que as forças positivas que amparam o crescimento do emprego e a inflação mais alta continuem compensando as negativas".
Embora o relatório de emprego do mês passado, divulgado na sexta-feira, tenha sido "decepcionante" e mereça atenção, autoridades vão reagir "apenas na medida em que determinemos ou cheguemos à conclusão de que os dados são significativos, em termos de mudar nossa visão sobre a perspectiva econômica de médio e longo prazos".
Apesar de ressaltar que podem emergir surpresas que mudem suas expectativas e listar quatro riscos à economia dos EUA -- demanda e produtividade mais lentas, e riscos inflacionários e vindos do exterior --, ela acabou por minimizá-los. Yellen salientou sua expectativa de que "outros aumentos graduais da taxa de juros provavelmente serão apropriados".
Ainda assim, Yellen tomou cuidado para não dar dicas sobre quando o aumento de juros virá, em contraste com o discurso em 27 de maio, quando disse que uma elevação seria apropriada "nos próximos meses".
Para alguns investidores, a ausência de cronograma no discurso desta tarde sugere que o Fed vai postergar o aumento de juros para muito além da semana que vem, quando autoridades do banco central se reúnem novamente para discutir política monetária.
Economistas agora veem setembro ou possivelmente julho como o momento mais provável para um aperto de 0,25 ponto percentual, enquanto operadores nos mercados futuros apostam em uma data posterior.
Para outros, porém, a repetida ênfase de Yellen sobre os aspectos positivos dos dados econômicos recentes continua sugerindo aumento de juros no curto prazo.
A perspectiva de elevação na taxa neste mês praticamente desapareceu após a economia dos EUA gerar apenas 38 mil vagas de trabalho em maio, de certa forma ofuscando dados positivos recentes sobre gastos do consumidor, o mercado imobiliário e o crescimento econômico.
Embora o relatório tenha sido "preocupante, deixe-me enfatizar que não se deve atribuir muita relevância a um único relatório mensal", disse Yellen em Filadélfia. "Outros indicadores sobre o mercado de trabalho têm sido mais positivos".
(Reportagem de Jonathan Spicer e Jason Lange)