Estrasburgo (França), 14 set (EFE).- O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, confirmou que vai propor em breve opções para lançar títulos de dívida europeia comum, um anúncio que imediatamente refletiu positivamente nas bolsas de valores.
A velha ideia dos eurobônus, rejeitada com veemência pela Alemanha e de forma velada pelo Banco Central Europeu (BCE), teve sempre o apoio da maioria do Parlamento Europeu, que recebeu com aplausos o anúncio de Barroso em um debate econômico com os eurodeputados no plenário em Estrasburgo.
"Confirmo que apresentaremos em breve uma proposta com as distintas opções que existem para a introdução dos eurobônus". Algumas delas "ajudam modificar os tratados, outras não", afirmou Barroso diante dos eurodeputados, aos que advertiu que os títulos europeus não serão "a panaceia".
"Os eurobônus não solucionarão os problemas mais urgentes, não farão com que a Grécia deixe de ter de cumprir com suas obrigações nem farão com que o resto da zona do euro deixe de implementar reformas", explicou o chefe do Executivo comunitário.
O comissário de Economia e Assuntos Monetários europeu, Olli Rehn, destacou ao fim do debate que "existem grandes expectativas sobre os eurobônus", mas que a reciprocidade da dívida "tem de ser acompanhada de um reforço da vigilância fiscal e de uma maior coordenação econômica.
A introdução desses títulos teria "consequências para a soberania fiscal dos estados-membros", advertiu.
A receita para saída da crise de Barroso e de Rehn passa pela "federalização" da zona do euro para ganhar credibilidade e evitar as turbulências.
"No seio do sistema comunitário, um sistema intergovernamental não funcionou nem funcionará no futuro", sentenciou o primeiro.
Rehn declarou que foi o "excesso de intergovernamentalismo e a falta de método comunitário" que limitaram as ações da União Europeia.
Barroso reconheceu que "a UE é mais lenta na tomada de decisões do que os mercados, que são impacientes".
Para o presidente da Comissão Europeia, a crise da zona do euro só será solucionada com "mais Europa" e assinalou que as grandes economias do euro, em velada referência à Alemanha, devem convencer-se de que "a solidariedade é também seu interesse próprio".
A implementação das decisões da cúpula extraordinária de 21 de julho, quando foi fechado segundo resgate à Grécia com uma contribuição do setor privado, a flexibilização do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e a aprovação das restritas medidas sobre a governança econômica para prevenir futuras crises são "as tarefas mais urgentes" da zona do euro, segundo Barroso.
Por outro lado, tanto o comissário Rehn quanto o ministro de Finanças polonês, Jacek Rostowski, advertiram do risco de excluir uma euroeconomia do clube do euro.
O ministro cifrou o custo de excluir um sócio da moeda única da zona do euro em 25% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro ano, 10% durante os seguintes e uma taxa de desemprego no conjunto entre 17% de 15% em média.
Rehn, também dirigiu seu discurso aos que querem expulsar a Grécia do euro e apontou que sua eventual quebra e sua hipotética saída da moeda única "teria consequências econômicas e sociais enormes" e nem este país nem Europa "estariam melhores" depois disso.
O líder dos populares europeus, Joseph Daul, pediu a Barroso maior ambição para conseguir a "credibilidade perdida", enquanto o dos socialistas e democratas, Martin Schulz, advertiu que as reformas "devem ser feitas de modo que os cidadãos não tenham a sensação de que sempre são os mesmos que pagam".
Por sua vez, o líder dos liberais do Parlamento Europeu, Guy Verhofstadt, aplaudiu expressamente a proposta de lançamento de obrigações europeias porque "são necessárias e porque o BCE não pode seguir comprando mais títulos nacionais". EFE