BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer disse esperar que o Senado aprove nesta terça-feira a reforma trabalhista, e procurou mostrar confiança em sua força no Congresso afirmando que a agenda reformista vai continuar.
“Hoje à noite, penso eu, se Deus quiser, nós vamos finalizar a modernização da legislação trabalhista, que é exatamente para fazer o combate aquilo que é o objetivo central do nosso governo que é combater o desemprego", disse Temer em evento em Brasília nesta manhã.
“As reformas estruturais, portanto, como aqui foi dito, continuarão", disse. "Depois a simplificação tributária, que é uma coisa importante, depois a própria reforma política. São matérias que nós temos que levar adiante e que nós poderemos fazê-lo porque temos hoje o apoio do Congresso Nacional.”
A agenda de reformas perdeu ímpeto no Congresso desde meados de maio, quando estourou a crise política decorrente das delações de executivos da JBS (SA:JBSS3), que levaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a denunciar o presidente por corrupção passiva.
A reforma da Previdência, que enfrentava resistências crescentes na Câmara, ficou completamente paralisada a partir da denúncia contra Temer.
Com os deputados encarregados de decidirem se autorizam ou não o Supremo Tribunal Federal a analisar a denúncia, o governo aposta suas fichas na votação da mudança trabalhista no Senado para poder apresentar um resultado de peso que mostre que ainda tem condições de conduzir sua agenda legislativa.
Depois de um susto na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, quando o parecer oficial do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) foi derrotado, o governo conseguiu se recuperar ao aprovar o mesmo parecer pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Anteriormente, a matéria tinha sido aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
Existe uma expectativa de que a votação desta terça-feira no plenário pode ser apertada. Para ser aprovado, o projeto que altera a legislação trabalhista precisa do apoio de 41 dos 81 senadores.
Os senadores iniciaram a sessão para votar a reforma às 11h, mas a oposição prometeu apresentar uma série de questionamentos antes que a votação em si possa ser encaminhada.
(Reportagem de Marcela Ayres)