Bruxelas, 17 jun (EFE).- A candidata à Presidência, Dilma
Rousseff (PT), e o presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel
Durão Barroso, defenderam hoje em Bruxelas uma maior regulação
financeira no seio do G20 (G20, bloco de países ricos e emergentes).
Em entrevista coletiva, Barroso destacou a reunião positiva que
teve com a candidata a presidir "um dos países mais influentes do
mundo", e lembrou que o Brasil e a União Europeia (UE) pedirão na
próxima reunião do G20, no final do mês no Canadá, uma maior
regulação dos mercados financeiros para evitar novas crises.
Explicou que hoje, reunidos em Bruxelas, os chefes de Estado e do
Governo da UE concordaram em propor ao G20 uma taxa para os bancos
para que, "se houver uma nova crise, não sejam os contribuintes que
paguem" as consequências.
Barroso ressaltou que, caso não seja possível aplicar essa taxa
em um "quadro global", que ao menos deveria ser iniciado um "quadro
comum" com os países que estivessem dispostos a isso.
Dilma disse, por sua vez, que o Brasil impõe a seus bancos
requisitos de capital "muito mais elevados" que os da UE. "Não
podemos pagar por aqueles que fizeram uma prática bancária mais
flexível", afirmou.
A candidata avaliou igualmente a importância de impulsionar uma
"governança financeira", especialmente para os países emergentes, e
"respeitando as necessidades de cada país do mundo".
"Que haja mais transparência, que não tenhamos essas surpresas
que de repente quebre um banco. O Brasil se comprometeu a perseguir
a regulação econômica e o controle do capital", apontou.
Também se referiu às negociações de um acordo de associação por
parte do Mercosul e da UE, anunciado na cúpula euro-latino-americana
realizada em Madri em maio.
"Os dois lados têm suas posições (...) mas embora haja duas
posições se pode chegar a um acordo", ressaltou, e acrescentou que
os produtos que mais estão em jogo são os agrícolas e os
industriais.
A França, precisamente, país que Dilma visitou ontem, é um dos
Estados da UE que mostrou mais rejeição ao reatamento dessas
negociações com o Mercosul, já que defendem a conclusão da Rodada de
Doha para a liberalização do comércio mundial antes de fixar os
termos de um acordo de livre-comércio com países que são grandes
exportadores agrícolas.
Depois de se reunir ontem em Paris com o presidente francês,
Nicolas Sarkozy, e hoje com Barroso, Dilma deve se encontrar amanhã
em Madri com o presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez
Zapatero, e terminar sua viagem europeia em Lisboa, onde se
encontrará com o primeiro-ministro português, José Sócrates.
A intenção da candidata com a viagem é se apresentar perante
esses líderes como candidata e analisar as relações do Brasil com
esses países e o bloco europeu tendo em vista o futuro, segundo
fontes próximas à candidata. EFE