Por Diane Bartz e Sarah N. Lynch e Sijia Jiang
WASHINGTON/HONG KONG (Reuters) - A diretora financeira da Huawei "não deveria ser uma refém" das relações entre a China e os Estados Unidos, disse seu advogado nesta terça-feira depois que os EUA anunciaram acusações criminais contra ela e a empresa chinesa poucos dias antes de negociações comerciais cruciais com Pequim.
O Departamento de Justiça acusou a Huawei Technologies e sua diretora financeira de conspirarem para violar sanções norte-americanas ao Irã ao fazerem negócios por meio de uma subsidiária que a firma tentou ocultar, como noticiado pela Reuters em 2012 e 2013.
Em um caso separado, o Departamento de Justiça acusou a fabricante de equipamentos de telecomunicações de roubar tecnologia robótica da T-Mobile US. A Huawei disse que as empresas resolveram a disputa em 2017.
Meng Wanzhou, diretora financeira e filha do fundador da Huawei, foi presa em Vancouver no dia 1º de dezembro, ação após a qual a China prendeu dois canadenses por razões de segurança nacional. Ela deve comparecer a um tribunal nesta terça-feira para debater os termos de sua fiança, e está sujeita a um pedido de extradição dos EUA.
Seu advogado, Reid Weingarten, sócio da Steptoe & Johnson, enfatizou as relações sino-norte-americanas "complexas".
"Nossa cliente, Sabrina Meng, não deveria ser um peão ou uma refém deste relacionamento. A senhora Meng é uma empresária ética e honrada que nunca passou um segundo de sua vida tramando violar nenhuma lei dos EUA, incluindo as sanções iranianas."
A Huawei disse que tentou debater as acusações com autoridades dos EUA, "mas o pedido foi rejeitado sem explicação".
A empresa disse que "nega que ela ou sua subsidiária ou filiada cometeram qualquer uma das violações declaradas" e "não está ciente de nenhuma irregularidade da senhora Meng".
O Ministério das Relações Exteriores chinês exortou Washington a revogar o mandato de prisão e acabar com a "supressão injustificada" de empresas chinesas. O porta-voz Geng Shuang também disse que a China emitiu representações severas ao Canadá e aos EUA depois que estes últimos emitiram formalmente um pedido de extradição de Meng.
O ministro da Justiça canadense tem 30 dias, a partir do recebimento do pedido, para decidir se autoriza a medida. Em caso positivo, o caso de Meng será enviado à Suprema Corte da Colúmbia Britânica para uma audiência, o que pode demorar semanas ou meses.
(Reportagem adicional de David Shepardson, Karen Freifeld, Chris Bing, Joseph Menn e Andy Sullivan, e Michael Martina e Ben Blanchard em Pequim)