Algodão do Brasil sofre com impacto de tarifas dos EUA ao setor têxtil de importadores

Publicado 08.04.2025, 17:55
Atualizado 08.04.2025, 18:00
© Reuters. Máquina coletando algodão no estado da Bahia, Brasil. n11/09/2018 nREUTERS/Ricardo Moraes

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - Exportadores de algodão do Brasil, líder global na exportação da pluma, avaliam que as tarifas dos Estados Unidos contra países asiáticos afetarão a indústria têxtil dessas nações, com reflexos nas compras da matéria-prima fornecida pelo país sul-americano.

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, o Brasil diversificou bastante as exportações de algodão, vendendo mais para Vietnã, Bangladesh e Paquistão, além da China, maior importador da pluma brasileira no ano passado.

Mas essas nações dependem das exportações de produtos têxteis, notadamente para os EUA, para manterem sustentadas as importações de algodão do Brasil.

"O nosso cliente precisa exportar (produtos têxteis feitos de algodão), os Estados Unidos são um mercado muito importante para alguns deles", disse Faus à Reuters.

Além da China, que teve sua tarifa elevada para 104%, segundo anúncio nesta terça-feira, a taxa dos EUA para importações do Vietnã ficou em 46%, para Bangladesh, 37%, enquanto o Paquistão foi atingido por uma de 29%.

Ele disse que o setor gostaria que pudesse haver uma negociação entre os países asiáticos e os EUA, para evitar impactos mais severos nos negócios.

"Se isso não se resolver, podemos ter cancelamentos de contratos na cadeia de suprimento", disse ele, comentando que um eventual cancelamento de compras por um varejista dos EUA teria desdobramento em toda cadeia produtora até a produção.

A guerra comercial atual é diferente da registrada no primeiro governo Trump, quando o foco era a China. Naquela oportunidade, a exportação de algodão do Brasil ganhou terreno frente à norte-americana nas vendas aos chineses, que retaliaram com tarifas aos EUA.

Faus comentou que a China já vinha comprando menos dos Estados Unidos, já considerando que o governo Trump poderia aplicar as tarifas. Além disso, o país asiático, maior importador global, teve uma grande safra na última temporada, o que reduziu a necessidade de compras no exterior.

A China importou de todas as origens em 2023/24 cerca de 3,2 milhões de toneladas, enquanto em 2024/25 as importações devem fechar em 1,4 milhões de toneladas, menos da metade do ano anterior, comentou Faus.

"Quando a China passou a comprar menos, o Brasil conseguiu aumentar participação de mercados em outros países, Vietnã, Bangladesh, Paquistão, a própria Turquia, conseguimos diversificar bastante", disse o presidente da Anea.

Ainda assim, do total que a China importou, o Brasil deve fornecer 35% em 2024/25, com o país asiático comprando menos dos EUA.

De outro lado, das exportações totais brasileiras no ciclo atual, a China respondeu por 20% dos embarques.

"O Brasil diversificou bem", disse Faus, ponderando que aqueles outros países asiáticos tiveram sua fatia ampliada no total dos embarques brasileiros.

 

(Por Roberto Samora)

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