Por Hugh Bronstein
CARACAS (Reuters) - A fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre uma possível ação militar na Venezuela pode ajudar o impopular líder do país, que há tempos tem utilizado a ameaça de agressão norte-americana para justificar políticas que prejudicaram a economia.
O presidente Nicolás Maduro tem dado continuidade à "revolução" socialista com gastos ilimitados iniciada por seu antecessor, Hugo Chávez, quase 20 anos atrás. A chave para a retórica populista utilizada por ambos baseia-se em advertências de que o império norte-americano planeja uma invasão para tirar o petróleo da Venezuela.
Tal ameaça foi rechaçada pela oposição até a noite da sexta-feira, quando Trump disse que uma opção militar não estava descartada para lidar com a repressão do governo venezuelano contra a oposição e o aprofundamento da crise social.
"Ele está fazendo um favor a Maduro ao reforçar a posição nacionalista de que os gringos querem vir e atacar a Venezuela. Isso tem sempre sido parte da retórica de Maduro, e Chávez antes dele. E isso serviu bem aos dois", disse o advogado Luis Alberto Rodriguez, enquanto fumava um charuto cubano sentado em um café em um dos bairros mais ricos de Caracas.
A oposição, que controla um Congresso neutralizado pela Suprema Corte, leal a Maduro, boicotou as eleições do mês passado para um novo corpo legislativo.
Líderes da oposição pediram, em vez disso, um adiantamento das eleições presidenciais, a qual Maduro provavelmente perderia, à medida em que sua popularidade é impactada pelos problemas econômicos do país.
(Reportagem adicional de Eyanir Chinea)