(Reuters) - Os Estados Unidos estão em uma guerra econômica com a China, disse o principal estrategista político do presidente Donald Trump, alertando que Washington tem perdido a luta, mas está prestes a bater forte nos chineses em reação às suas práticas comerciais injustas.
"Estamos em uma guerra econômica com a China", afirmou Steve Bannon ao site de notícias norte-americano prospect.org em uma entrevista publicada na quarta-feira.
"Está em toda a literatura deles. Eles não se acanham de dizer o que estão fazendo. Um de nós será hegemônico em 25 ou 30 anos, e serão eles se formos por este caminho", disse.
"Se continuarmos perdendo-a, estamos a cinco anos, acho, 10 no máximo, de chegar a um ponto de inflexão do qual jamais conseguiremos nos recuperar".
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, disse ter visto a reportagem e reiterou que a essência da relação comercial China-EUA é mutuamente benéfica.
"Na verdade, a cooperação de longa data entre China e Estados Unidos trouxe benefícios reais para os povos dos dois países, qualquer pessoa sem preconceito verá claramente este fato", disse ela em um boletim de notícias diário em Pequim.
"Também já dissemos antes que uma guerra comercial não tem futuro. Uma guerra comercial não serve aos interesses de qualquer parte, já que uma guerra comercial não produzirá um vencedor. Esperamos que as partes relevantes consigam parar de ver questões do século 21 com uma mentalidade do século 19 ou 20".
Bannon disse que seu país usará a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 contra a coerção chinesa na transferência de tecnologia de empresas dos EUA que atuam na China e na sequência apresentará queixas contra o dumping de aço e alumínio, de acordo com o prospect.org.
Na segunda-feira Trump autorizou um inquérito sobre o suposto roubo chinês de propriedade intelectual, a primeira medida comercial direta de seu governo contra Pequim.
"Iremos virar o jogo com esses caras. Chegamos à conclusão de que eles estão em uma guerra econômica e que estão nos esmagando", afirmou Bannon, que admitiu estar enfrentando elementos do governo com postura liberal no comércio.
Ele disse não haver razão para pegar leve com a China para obter seu apoio em relação à Coreia do Norte porque acredita que Pequim fará pouca coisa mais para conter Pyongyang.
Bannon disse que pode cogitar um acordo no qual a China faria a Coreia do Norte interromper sua escalada nuclear com inspeções verificáveis e os EUA retirariam suas tropas da península coreana, mas que tal pacto parece remoto, segundo o prospect.org.
Contrastando com a ameaça de "fogo e fúria" de Trump contra a Coreia do Norte, Bannon opinou: "Não existe opção militar, esqueçam isso".
(Por Michael Perry; Reportagem adicional de Christian Shepherd em Pequim)