Por David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - O aumento das tensões comerciais, tarifas e outras barreiras ameaçam corroer um dos principais benefícios da integração comercial --menores custos de investimento de capital--, especialmente para os mercados emergentes, segundo uma nova pesquisa do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A pesquisa, divulgada nesta quarta-feira como parte do mais recente relatório "Perspectiva Econômica Global" do FMI, concluiu que os preços de máquinas e bens de capital caíram nos últimos 30 anos em meio a ganhos de eficiência da globalização, aumento da produtividade e maior integração comercial.
Essas reduções de preço ajudaram a transformar o investimento em um motor de expansão econômica nos mercados emergentes, que normalmente têm custos de investimento mais altos do que as economias mais ricas, em parte devido à necessidade de bens e tecnologias importados. O comércio forneceu um impulso muitas vezes negligenciado para tais investimentos, disse o documento.
Por exemplo, o custo decrescente dos produtos de energia solar e eólica permitiu que essas tecnologias substituíssem a energia hidroelétrica como fontes renováveis de energia nos mercados emergentes, segundo o texto. A pesquisa mostrou também que as reduções tarifárias da Colômbia em 2011 contribuíram para um aumento de 0,4 por cento no investimento em bens de capital.
Mas desde meados dos anos 2000 esses efeitos diminuíram com o abrandamento dos ganhos de comércio e produtividade, e o aumento das barreiras comerciais pode reverter alguns desses benefícios, disse o FMI.
"As elevações nas barreiras tarifárias e não-tarifárias podem interromper as cadeias de fornecimento transfronteiriças e tornar a produção menos eficiente, retardar ou mesmo reverter a tendência de queda nos preços dos bens de capital", disse o organismo.
A interrupção de cadeias de suprimentos --fenômeno que já está acontecendo, já que as tarifas dos EUA forçam a produção de alguns produtos para fora da China-- pode elevar o custo das mercadorias.
O efeito poderia ser mais pronunciado nas economias emergentes e em desenvolvimento, que já pagam um preço relativamente alto por bens como computadores e máquinas, em parte porque são menos eficientes em produzir tais bens e precisam importá-los.
Muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento ainda mantêm tarifas mais altas e outras barreiras comerciais que aumentam os preços relativos para os investidores domésticos.
Em 2011, as tarifas efetivas de importação sobre bens de capital foram de cerca de 4 por cento nos países de mercados emergentes e cerca de 8 por cento nos países em desenvolvimento de baixa renda, em comparação com quase zero nas economias avançadas, disse o FMI.