BERNA (Reuters) - A organização que representa as agências antidoping nacionais (iNADO) reclamou das omissões preocupantes da última proposta do Comitê Olímpico Internacional (COI) para identificar e penalizar os atletas infratores.
Segundo a iNADO, a declaração do COI, após uma reunião no sábado de líderes internacionais do esporte, deixou de mencionar diretamente a questão do doping patrocinado pelo Estado na Rússia ou condenar os ataques cibernéticos pelo grupo Fancy Bears.
Após a reunião a portas fechadas em Lausanne, o COI prometeu mais poder e financiamento para a Agência Mundial Antidoping (WADA).
De acordo com a proposta do comitê, os atletas seriam testados por uma nova agência no âmbito da WADA, enquanto as sanções seriam decididas pelo Tribunal Arbitral do Esporte (CAS). Agora, a própria WADA deverá decidir se aprova e implementa as medidas.
A iNADO, que representa as agências nacionais antidoping de 59 países, disse que a declaração de cinco páginas do COI inclui alguns princípios construtivos, mas estes tinham sido ofuscados pelas falhas.
"Desde a divulgação do Relatório McLaren, o histórico do COI tem apenas confundido o sistema antidoping global", disse Joseph de Pencier, presidente-executivo da iNADO.
"Com esta última declaração, o COI percorre apenas parte do caminho para restaurar sua credibilidade com os atletas limpos do mundo."
O relatório McLaren foi um dos dois encomendados pela WADA no ano passado e que revela doping generalizado no esporte russo patrocinado pelo Estado.
"Não há nada explícito sobre doping patrocinado pelo Estado na Rússia ou sobre a responsabilidade moral do COI em levar líderes do esporte e o esporte russo para uma mudança cultural necessária naquele país para realmente proteger o esporte limpo", disse a iNADO.
Segundo a organização, não há "nada deplorando os ciber ataques do Fancy Bears e o abuso ilegal da privacidade dos atletas limpos". Dados médicos particulares de mais de 100 atletas foram publicados pelos hackers.
A iNADO também expressou dúvidas sobre a proposta de testes no âmbito da WADA, mas se diz favorável às propostas que visem tornar o antidoping mais independente, melhorar o apoio aos que denunciam e à padronização dos testes.
"Se, como esperado, o segundo relatório do professor Richard McLaren detalhar consideravelmente as evidências mais conclusivas da corrupção antidoping da Rússia, então será ainda mais claro que o COI tem muito mais a fazer para proteger os atletas limpos", afirmou a entidade.
(Por Brian Homewood)