Por Balazs Koranyi
JACKSON HOLE, Estados Unidos (Reuters) - Um número cada vez maior de autoridades do Banco Central Europeu apoia outro corte na taxa de juros em setembro, e somente grandes surpresas nos dados nas próximas semanas poderiam adiar uma redução, de acordo com várias fontes na instituição.
Os mercados financeiros já esperam, em sua maioria, um novo corte de juros no próximo mês, mas as autoridades têm sido cautelosas em relação ao próximo passo, depois que o BCE foi criticado por alguns por ter se comprometido de forma excessiva antes de seu primeiro corte em junho.
Uma série de números sobre crescimento, salários e preços nas últimas semanas começou a influenciá-los e muitos estão cada vez mais abertos a discutir suas opiniões, argumentando que as condições estabelecidas para um corte estão sendo cumpridas.
As fontes, que estão familiarizadas com a discussão e disseram estar abertas a outro corte em 12 de setembro, listaram uma série de argumentos: as pressões sobre os preços estão diminuindo conforme o projetado, o crescimento econômico está aquém das expectativas, o aumento dos salários está diminuindo e os sinais do Federal Reserve sobre seu próprio afrouxamento facilitam o trabalho do BCE.
"Em grande parte, estamos onde queremos estar", disse Martins Kazaks, presidente do banco central da Letônia, quando perguntado sobre um corte em setembro.
"Nossas projeções de junho pressupunham mais dois cortes este ano e, no momento, não vejo nenhuma razão para não seguirmos adiante", disse Kazaks, poucos dias depois que Olli Rehn, chefe do banco central da Finlândia, também defendeu um corte no próximo mês.
Outras fontes, que não quiseram ser identificadas, disseram que as conversas privadas e informais estão mostrando um amplo apoio à redução, mesmo que a maioria ainda esteja aguardando dados adicionais antes de finalizar suas opiniões.
Os membros do BCE raramente fazem votações formais e a maioria das decisões é aprovada com um amplo consenso, o que sugere que, se as autoridades mais "hawkish" (agressivas contra a inflação) já estão começando a se alinhar com um corte em setembro e é improvável que a decisão seja controversa.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, cujo apoio à medida será vital, ainda não enviou nenhum sinal sobre a decisão de setembro e não fez nenhum comentário público sobre a política monetária do BCE nas últimas semanas.
Um porta-voz do BCE não quis comentar. As fontes acrescentaram que as discussões formais ainda não foram iniciadas e que ainda há dados importantes a serem divulgados antes de 12 de setembro.
Elas disseram ainda que a comunicação da medida pode ser mais difícil do que a própria decisão.
Alguns temem que um corte possa fomentar as expectativas de um movimento posterior em outubro e estão ansiosos para moderar as apostas dos investidores, mantendo os preços de mercado consistentes com os cortes trimestrais.
Atualmente, os mercados veem mais de 90% de chance de um corte em setembro e preveem pelo menos outro movimento no restante do ano, seguido de cortes constantes em 2025.
"Minha preocupação é com outubro e não com setembro", disse uma das fontes. "Precisamos nos certificar de que o corte de setembro não estimule demais as expectativas."
Todas as fontes concordaram que o BCE não pode adiar ainda mais o retorno da inflação à sua meta de 2%. O banco agora considera que essa meta será atingida no final de 2025 e não há interesse em deixá-la passar para 2026.