(Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta sexta-feira que a autoridade monetária continuará atuando no mercado de câmbio, ressaltando que o estoque de swaps tradicionais é menor hoje em dia, o que dá "conforto" para a ação do BC.
Ilan, que participou de evento no Chile sobre bancos centrais, disse ainda que o câmbio flutuante no Brasil é uma importante ferramenta e repetiu que o BC somente reduzirá o estoque de swaps tradicionais quando as condições de mercado permitirem.
"Não vamos deixar faltar liquidez aos mercados", afirmou ele. "Hoje o estoque de swaps cambiais é bem menor, de 24 bilhões (de dólares), o que nos dá mais conforto e espaço para atuar", acrescentou.
A vitória de Donald Trump na corrida pela Presidência dos Estados Unidos trouxe muitas incertezas nos mercados financeiros globais, fazendo o dólar saltar mais de 6 por cento sobre o real nas duas sessões passadas; nesta, já encostou em 3,50 reais.
Com isso, o BC informou na véspera que começaria a rolagem dos swaps tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- que vencem em 1º de dezembro e totalizam 6,490 bilhões de dólares. Segundo o BC, caso a rolagem seja integral, o estoque de swaps tradicionais será mantido em 24,106 bilhões de dólares.
Desde abril passado, o BC não fazia leilões de swaps tradicionais, mas apenas swaps reversos, que equivalem à compra futura de dólares.
"O câmbio flutuante é uma importante ferramenta", afirmou Ilan. "O BC somente reduzirá estoque de swap quando condições de mercado permitirem", acrescentou.
Questionado se o BC poderia atuar no mercado de câmbio à vista, utilizando as reservas internacionais do país, Ilan disse que não descartava nenhuma possibilidade.
Nesta sexta-feira, o BC fez três leilões de swaps tradicionais, colocando o equivalente a 1,703 bilhão de dólares, o que ajudou a alta do dólar perder considerável força ante o real. Por volta das 16h, a moeda note-americana subia cerca de 0,85 por cento, depois de ter saltado mais de 4 por cento pela manhã.
POLÍTICA MONETÁRIA
Sobre a política monetária, Ilan reforçou ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) "avaliará o ritmo e magnitude da flexibilização monetária ao longo do tempo, para assegurar convergência da inflação para a meta de 4,5 por cento".
O BC iniciou no mês passado novo ciclo de afrouxamento monetário, ao reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, a 14 por cento ao ano. E havia indicado que novas quedas e maior intensidade dependeriam do comportamento, sobretudo, da inflação de serviços e do ajuste fiscal brasileiro.
Ilan, , reafirmou ainda que o BC está comprometido em trazer inflação para a meta e mantê-la estável, o que ajudará a economia a recuperar a confiança e o crescimento.
"A convergência da inflação para a meta em 2017 e 2018 é compatível com flexibilização moderada e gradual das condições monetárias", afirmou ele, segundo apresentação em inglês publicada no site do BC.
Ilan disse ainda na apresentação que o objetivo de regulação e supervisão do BC é manter o sistema financeiro sólido, líquido e provisionado durante toda a crise.
(Texto de Patrícia Duarte; Edição de Alexandre Caverni)