SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central não descarta usar outras ferramentas, além dos leilões de swaps tradicionais, para manter a funcionalidade do mercado de câmbio, sinalizou à Reuters uma importante fonte da equipe econômica nesta sexta-feira.
E isso inclui fazer leilões de linha --de venda de dólares com compromisso de recompra no futuro-- e até mesmo vender dólares no mercado à vista, utilizando recursos das reservas internacionais.
"A caixa de ferramentas é grande. O uso dependente da necessidade", afirmou a fonte, sob condição de anonimato ao ser questionada se a atuação do BC também poderia incluir leilões de dólares à vista e de linha.
Na véspera, o BC anunciou ação conjunta com o Tesouro para enfrentar o pânico generalizado que varreu os mercados financeiros após divulgação de denúncias contra o presidente Michel Temer, colocando em xeque as expectativas de que, em especial, a reforma da Previdência possa não sair do papel.
Em conversa gravada com Temer, o empresário Joesley Batista, um dos controladores da JBS (SA:JBSS3), declarou ter pago propina a um procurador da República para ter acesso antecipado a investigações que o envolviam e disse que "zerou" as pendências com o ex-deputado Eduardo Cunha.
Com isso, o dólar acabou saltando mais de 8 por cento na véspera, encostando em 3,40 reais, numa onda de aversão ao risco que chegou a deixar o mercado à vista paralisado por mais de uma hora após a abertura dos negócios.
O BC fará leilões diários, até o próximo dia 23, de swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares. A quantidade em cada tranche será de 40 mil contratos. Em comunicado, acrescentou: "O Banco Central permanece atento às condições de mercado e, sempre que julgar necessário, poderá realizar operações adicionais de swap".
O presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou na quinta-feira que estava trabalhando de forma "serena e firme" para acalmar os mercados.
A última vez que o BC fez leilão à vista de dólares foi de compra, em meados de 2012. E, sobre leilões de linha, a autoridade monetária tem feito com mais regularidade, normalmente no final de cada mês como forma de rolar os papéis que vencem em seguida.
(Por Patrícia Duarte)