BRASÍLIA (Reuters) - O diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero Meirelles, defendeu nesta quinta-feira a autonomia operacional do BC, afirmando que a autoridade monetária já funciona assim.
A discussão sobre o status do BC virou tema de campanha das eleições, após a candidata Marina Silva (PSB) ter incluído em seu programa de governo que buscará a independência institucional do BC. A ex-senadora e ambientalista é a principal rival da presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição, na corrida presidencial.
Questionado sobre a menção ao BC nas campanhas eleitorais, Meirelles afirmou que nunca recebeu orientações sobre como deveria atuar, na primeira manifestação pública de um integrante do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre o assunto.
"Pela minha experiência --estou no BC há sete anos, já participei de mais de 50 reuniões do Copom--, o BC funciona hoje com autonomia operacional", disse.
"Em sete anos, todas as decisões que tomei foram com base na minha consciência, na minha convicção. Nunca recebi sequer uma pergunta, demanda ou pedido de sugestão ou qualquer outra coisa", acrescentou o diretor do BC a jornalistas. "O trabalho do BC precisa dessa autonomia operacional", afirmou ele.
A independência formal do BC defendida por Marina foi criticada por Dilma, para quem isso é restrito aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
A posição de Marina também levou a campanha de Dilma a usar o tema na propaganda eleitoral na TV, dizendo que se o BC se tornar independente formalmente, poderia faltar comida nos pratos dos brasileiros.
No anúncio da campanha de Dilma, homens engravatados aparecem rindo ao mesmo tempo em que a comida desaparece da mesa de uma família. Um locutor afirma que a independência do BC implicaria deixar para os banqueiros decisões sobre emprego, juros e salários.
(Reportagem de Luciana Otoni)