RANKFURT (Reuters) - As autoridades do Banco Central Europeu (BCE) concordaram de maneira geral no mês passado em prorrogar o esquema de compra de ativos, mas a decisão de manter em aberto a data de encerramento pareceu gerar um debate mais intenso, revelou a ata da reunião divulgada nesta quinta-feira.
Tendo que conciliar o rápido crescimento econômico com a inflação fraca, o BCE optou no mês passado por reduzir pela metade as suas compras de ativos, ao mesmo tempo em que as prorrogou por nove meses, esperando que um estímulo menor mas por mais tempo mantenha o crescimento suficientemente forte para gerar inflação.
Mas a ata da reunião de política monetária de 26 de outubro sugere que as autoridades não foram unânimes, com alguns querendo sinalizar um fim claro para as compras, enquanto outros defenderam uma mudança de foco como precursor do eventual fim das aquisições. O BCE já tem mais de 2,2 trilhões de euros em ativos em seu balanço patrimonial.
"Uma data final foi vista (por alguns) como bem justificada em antecipação a novos progressos em direção a um ajuste sustentado na trajetória de inflação, com base no crescimento melhor do que o esperado, na redução dos riscos e nas condições de financiamento continuamente favoráveis para a economia real", informou a ata.
"Também se expressou preocupações de que deixar em aberto o encerramento do programa de compra de ativos pode gerar expectativas de novas prorrogações."
Os que discordaram argumentaram que, mesmo que os mercados não esperem uma data final clara, a reação seria limitada e, de qualquer forma, a economia conseguiria lidar com condições de financiamento mais rígidas dada a sólida trajetória de crescimento.
Em mais um sinal de divergência, algumas autoridades argumentaram que o BCE deve deixar de vincular suas compras de ativos à trajetória de inflação e, em vez disso, deveria usar como referência sua posição de política monetária de modo geral.
(Por Balazs Koranyi)