LOBITO, Angola (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou à cidade portuária angolana de Lobito na quarta-feira, o último dia de uma viagem à África, para divulgar um plano para estender uma ferrovia que poderia canalizar minerais essenciais do Congo para o Ocidente.
Os Estados Unidos concederam um empréstimo de 550 milhões de dólares para apoiar o empreendimento, que envolve a reforma de uma ferrovia existente através de Angola e sua extensão até o centro de mineração do Congo como parte da primeira fase. Ainda não há data prevista para sua conclusão.
Uma segunda fase do projeto prevê a conexão e a extensão do corredor Lobito através da Tanzânia. Os EUA financiaram estudos de viabilidade, mas críticos dizem que isso oferecerá uma rota rival para o leste da China, prejudicando todo o projeto.
Após a posse de Donald Trump como presidente dos EUA em janeiro, espera-se que Washington adote uma linha mais dura com a China e algumas autoridades têm questionado se o apoio dos EUA à rota oriental continuará.
Autoridades dos EUA anunciaram nesta semana um financiamento por meio da Development Finance Corporation no valor de 600 milhões de dólares para projetos que incluem energia solar, minerais e telecomunicações ao longo da primeira fase do projeto.
Biden prometeu um envolvimento duradouro dos EUA com a África nos termos da própria África ao se reunir com o colega angolano João Lourenço em Luanda na terça-feira, em sua primeira e única visita à África como presidente. A viagem cumpre a promessa de visitar o continente, mas ocorre apenas algumas semanas antes do fim de sua Presidência.
Apesar das repetidas promessas de Biden de estar "totalmente comprometido com a África", a influência dos EUA na África declinou durante seu mandato. Os EUA perderam uma base militar na região do Sahel e fizeram pouco progresso em quebrar o controle da China sobre minerais vistos como críticos para a segurança nacional.
Angola há muito tempo mantém laços estreitos com a China e a Rússia, mas recentemente se aproximou do Ocidente. Angola quer expandir sua colaboração com os Estados Unidos em iniciativas militares e de segurança, disse seu presidente durante a visita de Biden na terça-feira.
O novo governo Trump terá que lidar com pontos cegos em sua compreensão de um continente em rápida mudança, cada vez mais aliado à China e à Rússia, e ameaçado pela disseminação de insurgências jihadistas.
(Reportagem de Jessica Donati e Trevor Hunnicutt)