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Brasil, Argentina e Paraguai deixam para dia 12 definição sobre presidência do Mercosul

Publicado 05.08.2016, 20:39
Atualizado 05.08.2016, 20:50
Brasil, Argentina e Paraguai deixam para dia 12 definição sobre presidência do Mercosul

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente interino Michel Temer e os presidentes da Argentina, Maurício Macri, e do Paraguai, Horácio Cartes, decidiram esperar até o dia 12 de agosto para propor uma solução mais definitiva para o impasse envolvendo a presidência do Mercosul e para a situação da Venezuela no bloco, disseram à Reuters fontes diplomáticas.

Temer se reuniu rapidamente com Macri e Cartes no Rio de Janeiro durante o coquetel de recepção para autoridades estrangeiras antes da cerimônia de abertura da Olimpíada Rio 2016. Defensor de que os venezuelanos assumam a presidência do Mercosul, o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, não veio ao Brasil para a abertura dos Jogos.

No dia 12 serão completados quatro anos da adesão da Venezuela ao Mercosul. Nesse período, o governo venezuelano deveria ter adotado todas as regras do bloco --não apenas em questões como direitos humanos e democracia, que vem sendo cobrados agora, mas em normativas técnicas e comerciais.

Até agora, a Venezuela não adotou mais de 40 por cento das normas, o que está sendo usado por Brasil, Argentina e Paraguai como justificava para evitar que o país assuma a presidência pro tempore do bloco, como estava previsto para este mês, de acordo com o rodízio de países por ordem alfabética.

Segundo uma das fontes, presentes ao encontro, os presidentes “acordaram levar adiante um exame mais aprofundado da questão após 12 de  agosto, quando expira o prazo para que a Venezuela, nos termos de seu cronograma de adesão, incorpore plenamente o conjunto normativo do Mercosul”.

Na quinta-feira, diplomatas de alto escalão dos três países e do Uruguai reuniram-se em Montevidéu para tentar encontrar uma solução para a presidência do bloco, que está há uma semana em um limbo diplomático. O Uruguai entregou a presidência e, em seguida, a Venezuela afirmou que assumiria, mesmo sem a transferência formal. Os governos do Paraguai, Uruguai e Argentina, no entanto, recusaram-se a aceitar as declarações do governo de Nicolás Maduro.

De acordo com uma fonte que esteve presente às negociações em Montevidéu, os diplomatas tentarão encontrar uma forma de manter o bloco funcionando, em nível técnico, até que se solucione o impasse com os venezuelanos. Tentou-se que o bloco fosse coordenado por um conselho de ministros de Relações Exteriores, mas a alternativa não foi aceita pela Venezuela e, consequentemente, pelo Uruguai --que só aceitará uma solução que agrade ao governo de Maduro.

A conclusão da reunião de diplomatas foi a de tentar levar informalmente questões técnicas do bloco e que não podem parar, como revisão de tarifas, regulamentos que precisam ser adotados, entre outros temas, mas sem envolver o lado político do Mercosul – ou seja, ministros ou presidentes. Uma outra reunião foi marcada para o final do mês, para que os diplomatas consultem seus ministérios sobre formas de manter o bloco andando.

A expectativa dos diplomatas de Brasil, Argentina e Paraguai é que, de alguma forma, a situação venezuelana se resolva, disse a fonte que participa das negociações.

Seja por mudanças na postura do governo de Maduro, que poderia cumprir as normas do bloco --entre elas, a democrática, marcando o referendo revogatório do mandato presidencial e soltando o que os chanceleres classificam de “prisioneiros políticos”-- seja porque a situação do país deteriore a tal ponto que nem mesmo o Uruguai continue a brigar pela Venezuela.

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