Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Brasilprev já registra 380 milhões de reais em reservas relacionadas ao uso da previdência privada como garantia de empréstimo, após ampliar no final do primeiro semestre para toda a base de clientes do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) o projeto piloto testado desde o começo do ano junto a um grupo limitado.
Nos primeiros seis meses do ano, no período de testes, esse saldo somava 120 milhões de reais.
"Foi um período um pouco mais restrito (a parte do projeto piloto), então tem um crescimento exponencial (com a expansão da base), mas achamos que deve seguir nessa toada até o final do ano", afirmou o superintendente de produtos da Brasilprev, Sandro Bonfim, sem precisar estimativas para o produto.
Atualmente, cerca de 2.400 clientes utilizam o serviço na rede do BB e o executivo avalia que se trata de um opção de crédito com "muito potencial".
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"Atua nas duas pontas: na ponta de fomentar crédito e na ponta de reserva de previdência", destacou, citando que permite taxas mais competitivas, o que tende a reduzir inadimplência e faz com que o cliente reconsidere resgatar a previdência, dado o potencial desconto em imposto de renda dependendo do caso.
Bonfim também chamou a atenção para outro componente que tende favorecer essa opção de crédito, que é uma questão comportamental, de o cliente ver o plano como uma segurança para um evento extraordinário.
"Para o cliente, fica muito mais atrativo pensar que ele terá um crédito que pagará de maneira paulatina, com uma taxa de juros extremamente competitiva (sem precisar resgatar os recursos)...é mais tranquilo ter aquela reserva", acrescentou o executivo.
De acordo com Bonfim, desde que o produto passou a ser oferecido, a taxa de execução por inadimplência é "muito residual". Ele não soube precisar o valor de crédito autorizado com as reservas, mas afirmou que deve ser "um valor superior com certeza" do que os 380 milhões de reais das reservas.
No caso da Brasilprev, quando o cliente opta por esta modalidade de crédito, o seu plano de previdência privada passa a contar com algumas alterações. Entre elas, o valor usado como garantia não poderá ser resgatado antes da quitação total do crédito e também não será possível realizar portabilidades.
A lei que permite que planos de previdência privada sejam usados como garantia para operações de crédito foi aprovada em agosto do ano passado, e ainda precisa ser regulamentada, o que, na visão do executivo, deve alavancar ainda mais esse produto, não só no âmbito da Brasilprev, mas do mercado.
A Brasilprev, que tem como acionistas a BB Seguros, braço de seguros, capitalização e previdência privada do Banco do Brasil, e o norte-americano Principal Financial Group (NASDAQ:PFG), é líder no segmento de previdência privada no país, afirmando ter 28,1% de market share, cerca de 422,5 bilhões de reais em ativos sob gestão e aproximadamente 2,6 milhões de clientes.