Por Huizhong Wu e David Lawder
PEQUIM/WASHINGTON (Reuters) - A China alertou nesta terça-feira empresas do país que operam nos Estados Unidos que podem sofrer perseguição de agências de cumprimento da lei norte-americanas, e refutou críticas dos EUA a um documento de política comercial por serem "a mesma história de sempre".
As relações das duas maiores economias do mundo se deterioraram nos últimos meses por causa de uma guerra comercial áspera, sanções dos EUA contra a gigante de telecomunicações chinesa Huawei e o apoio dos Estados Unidos a Taiwan, que China reivindica.
As tensões aumentaram consideravelmente depois que o governo do presidente Donald Trump acusou a China de ter "renegado" promessas de fazer mudanças estruturais em suas práticas econômicas.
Mais tarde, o governo dos EUA adotou tarifas adicionais de até 25% contra 200 bilhões de dólares de produtos chineses, levando Pequim a retaliar.
Depois de alertar estudantes e acadêmicos chineses na segunda-feira sobre os riscos envolvidos em estudar nos EUA, nesta terça-feira o governo ampliou seu alerta e incluiu empresas e turistas.
"Nos últimos dias, houve incidentes de violência armada, roubos e furtos nos Estados Unidos", disse o Ministério da Cultura e do Turismo chinês.
"O departamento lembra os turistas chineses a avaliarem totalmente os riscos de ir aos Estados Unidos para entenderem a manutenção da ordem pública de seu destino, as leis e regulamentos, e os conscientizar conscienciosamente de medidas de segurança para garantir sua segurança".
Empresas e cidadãos chineses nos EUA também deveriam estar cientes de perseguição das agências de cumprimento da lei, disse o Ministério das Relações Exteriores chinês.
Na segunda-feira, o governo Trump disse que a China estava buscando um "jogo de acusações" em declarações públicas recentes e em um documento de política divulgado no final de semana que distorceu as negociações comerciais.
Em um comunicado conjunto, o escritório do representante comercial dos EUA e o Tesouro norte-americano reiteraram sua visão de que os negociadores chineses "andaram para trás" em elementos importantes de um acordo que tinha sido essencialmente endossado, inclusive em uma cláusula sobre aplicação da lei.
No domingo, a China publicou um documento de política governamental sobre a disputa comercial EUA-China no qual afirmou que Washington tem responsabilidade pelos contratempos nas conversas, citando três instâncias em que os EUA recuaram em compromissos assumidos durante as negociações.
(Reportagem adicional de Michael Martina em Pequim e Roberta Rampton em Washington)