Por Stella Qiu e Dominique Patton
PEQUIM (Reuters) - A China ameaçou nesta sexta-feira divulgar uma lista sem precedentes de empresas, grupos e indivíduos "não confiáveis" que prejudicam os interesses das empresas chinesas, com uma série de tarifas retaliatórias sobre produtos norte-americanos seguindo programadas para entrar em vigor no sábado.
O Ministério do Comércio da China não destacou nenhum país ou empresa, mas a ameaça pode aumentar ainda mais as tensões depois que os Estados Unidos colocou a Huawei em uma lista negra que efetivamente impede que empresas dos EUA façam negócios com a gigante chinesa de equipamentos de telecomunicações.
A "lista de entidades não confiáveis" de Pequim se aplicará aos que violam as regras do mercado e o espírito dos contratos, bloqueiam as empresas chinesas por razões não comerciais, "danificam seriamente os direitos e interesses legítimos" das empresas chinesas e prejudicam a segurança nacional da China, disse o ministério.
Uma série de comentários, críticas e advertências agudas da China nas últimas duas semanas piorou a retórica com os Estados Unidos, o que pode complicar a preparação para qualquer reunião entre seus respectivos líderes no mês que vem.
No início deste mês, os EUA impuseram tarifas adicionais de até 25% sobre 200 bilhões de dólares em importações de produtos chineses, acusando Pequim de renegar promessas anteriores de fazer mudanças estruturais sobre suas práticas econômicas. Isso levou Pequim a reagir com mais impostos sobre a maioria das importações norte-americanas em uma lista 60 bilhões de dólares em produtos - que deve entrar em vigor no sábado.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que planeja se encontrar com seu colega, Xi Jinping, durante a cúpula do G20, marcada para 28 e 29 de junho, em Osaka, embora a China não tenha formalmente confirmado isso.
Xi e Trump provavelmente acharão "difícil" fazer grandes progressos para acabar com a guerra comercial, disse uma ex-autoridade chinesa.
A abordagem dos EUA para as negociações comerciais foi "bullying e América Primeiro", enquanto os princípios da negociação da China eram igualdade e cooperação, disse Dai Xianglong, que chefiou o Banco do Povo da China entre 1995 e 2002 e continua sendo uma figura influente na China.
"A expectativa é que no encontro de líderes do Japão, no próximo mês, seja difícil alcançar grandes progressos", disse Dai, acrescentando que não podia confirmar se a reunião de fato acontecerá, mas acrescentou que espera que seja.
Dai também disse que não descartou uma retaliação mais forte da China. Ele disse que as grandes vendas de títulos do Tesouro dos EUA pela China eram uma opção menos provável de retaliação, uma vez que prejudicariam os próprios interesses da China.