PEQUIM (Reuters) - O atual sistema de comércio global não é perfeito e a China defende a realização de reformas, inclusive na Organização Mundial do Comércio (OMC), para torná-lo mais justo e eficaz, disse o principal diplomata de Pequim.
A China está envolvida em uma guerra comercial com os Estados Unidos e tem se comprometido repetidamente a preservar o sistema multilateral de comércio e o livre comércio, com a OMC em seu centro.
Entretanto, falando com repórteres na noite de quinta-feira após se reunir com o ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, o conselheiro de Estado chinês, Wang Yi, disse que algumas reformas podem ser bem-vindas.
Embora dúvidas tenham sido levantadas sobre o atual sistema de comércio internacional, a China tem sempre defendido a proteção do livre comércio e acredita que o multilateralismo, com a OMC em seu centro, deve ser fortalecido, disse Wang.
"Ao mesmo tempo, nós não acreditamos que o sistema atual é perfeito e sem defeitos", disse.
"A China apoia reformas necessárias e o aperfeiçoamento do sistema atual, inclusive na OMC, para torná-lo mais justo, mais eficaz e mais racional", acrescentou Wang.
Os princípios básicos da OMC, como a oposição ao protecionismo e a defesa do livre comércio, não devem mudar, mas os direitos de países em desenvolvimento também não devem ser negligenciados, acrescentou.
"O objetivo da reforma deve ser permitir que países aproveitem os frutos do desenvolvimento da globalização de maneira mais justa, não ampliar ainda mais as diferenças entre sul e norte", disse Wang.
Reformas na OMC precisam escutar as vozes de todos os envolvidos, incluir amplas consultas e devem, especialmente, respeitar as opiniões de países em desenvolvimento, em vez de só permitir que "uma pessoa tenha a palavra", acrescentou.
"A questão da reforma da OMC é extremamente complexa e envolve muitas áreas. (A China) espera que todos os envolvidos permaneçam pacientes e avancem passo a passo".
Os comentários acontecem no momento em que a China e os Estados Unidos podem voltar a mesa de negociações, com a ameaça de novas tarifas norte-americanas pairando no ar. O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, convidou seu equivalente chinês para conversas.
(Reportagem de Adam Jourdan; Reportagem Adicional de Ben Blanchard em Pequim)