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China usa 2018 para buscar novos aliados após guerra comercial com os EUA

Publicado 17.12.2018, 21:50
© Reuters.  China usa 2018 para buscar novos aliados após guerra comercial com os EUA

Jesús Centeno.

Pequim, 17 dez (EFE).- A guerra comercial e as tensões com os Estados Unidos ao longo de 2018 levaram a China a se aproximar de países como Japão e Austrália, além de intensificar a presença em regiões como América Latina e África.

Analistas políticos concordam que os atritos com o governo de Donald Trump multiplicaram o ativismo diplomático chinês, colocando o presidente do país, Xi Jinping, na surpreendente liderança de uma coalizão em favor do livre-comércio e do multilateralismo, posto normalmente ocupado pelos americanos.

Trump deu início à guerra comercial em março deste ano, aplicando sobretaxas sobre a importação de produtos chineses, medidas que foram respondidas por Pequim.

O presidente americano justifica as medidas alegando que o déficit comercial americano com os chineses é "abusivo" e também acusando o governo do país asiático de incentivar a transferência forçada de tecnologia e do roubo de propriedade intelectual.

Paradoxalmente, as medidas contribuíram para que a China se aproximasse de rivais históricos como o Japão, com a primeira visita em sete anos a Pequim de um primeiro-ministro do país, e com competidores regionais como a Austrália, apesar das turbulências em questões marítimas e acusações de espionagem neste ano.

"Xi encontrou receptividade na sua manobra, mas ainda existem divergências e o fato de Austrália, Japão e Europa compartilharem boa parte das críticas que são formuladas contra China a Washington", disse o analista Xulio Ríos, do Observatório da Política Chinesa, em entrevista à Agência Efe.

A América Latina também foi testemunha dos planos de expansão da China, cristalizados por meio de ambiciosas iniciativas, como o "One Belt, One Road", conhecida como a Nova Rota da Seda, ou através de eventos como a primeira Expo Internacional de Importações de Xangai, que contou com uma ampla presença de países da região.

"A exposição foi uma tentativa de mostrar ao mundo que a China é consciente que deve equilibrar sua relação comercial com o exterior e que deve adotar uma política externa que favoreça a integração no mundo", indicou o pesquisador principal para Ásia-Pacífico do Instituto Elcano, Mario Esteban.

Internamente, Xi conseguiu eliminar em março os limites do mandato presidencial e consolidou seu poder sobre o governo, o Partido Comunista e as Forças Armadas. Apesar disso, a opinião pública não recebeu a mudança constitucional promovida pelo presidente chinês com bons olhos.

"A política de Trump isola os EUA e permite que a China ganhe uma maior influência global. No entanto, há a sensação de que a China se expôs cedo demais. Por isso, as críticas públicas recentes de alguns intelectuais sejam apenas a ponta do iceberg", disse Esteban, avaliando o desgaste de Xi dentro do país.

Outra das incógnitas que o ano deixa é até que ponto a guerra comercial afetou a economia chinesa. Ao longo de 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) do país começou a dar sinais de desaceleração.

"O lado positivo é que isso tudo propiciará a aceleração da mudança no modelo de desenvolvimento chinês, intensificando medidas, como a transformação das empresas estatais e a ampliação do papel do mercado no país", afirmou Ríos sobre o movimento.

O ano de 2018 também foi marcado pelas críticas contra o governo pelas crescentes restrições à liberdade de expressão e pela existência de campos de internação em Xinjiang, usados para "reeducar" muçulmanos. Mesmo com a pressão internacional, a China afirmou que suas ações são em prol da segurança nacional e combater atividades separatistas e terroristas.

"Xinjiang é o reflexo de um teste de grande escala da luta contra o terrorismo, usando com pleno rendimento todas as vantagens oferecidas pelas novas tecnologias, combinadas com métodos tradicionais de repressão", indicou Ríos.

No entanto, para o analista do Observatório de Política Chinesa, os campos de internação diluem qualquer tentativa de "soft power" do governo de Xi e lembram que o país tem um longo caminho a percorrer em matéria de direitos humanos no futuro.

Hong Kong também sofreu com retrocessos promovidos pelo governo de Xi neste ano. A fórmula batizada como "um país, dois sistemas" foi colocada em xeque após o Partido Nacional de Hong Kong, que defende a independência da região, ter sido declarado ilegal.

Além disso, teve início na ex-colônia britânica o julgamento dos nove líderes da Revolução dos Guarda-Chuvas, que mobilizou milhares de pessoas em 2014 para exigir avanços democráticos em Hong Kong.

"A China teme muito a instabilidade em Hong Kong. Desde o fracasso da reforma eleitoral a situação está se deteriorando, exacerbando a sanha de controle por parte do governo central. A China precisa ser muito hábil em Hong para que a região não se transforme em um foco de preocupação permanente", avaliou Ríos.

As questões territoriais parecem seguir sendo um dos calcanhares de Aquiles da China, que não está disposta a recuar no imbróglio envolvendo Taiwan ou nas disputas no Mar do Sul da China.

Apesar de ter avançado no entendimento com seus vizinhos sobre a polêmica marítima, a região vem provocando dor de cabeça em Pequim devido às tensões estratégicas que envolvem os EUA.

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