Por Makini Brice e Ben Blanchard
WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - A China disse nesta segunda-feira que vai impor tarifas mais altas a uma série de produtos norte-americanos, revidando em sua guerra comercial com Washington pouco depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter advertido o país a não retaliar.
O Ministério das Finanças da China disse que vai ajustar as tarifas sobre uma lista revisadas de produtos dos Estados Unidos avaliados em 60 bilhões de dólares, com taxas adicionais de 20% a 25%. As tarifas entrarão em vigor em 1º de junho.
O anúncio foi feito menos de duas horas depois de Trump ter alertado Pequim a não retaliar depois que a China disse que "nunca se renderá à pressão externa".
A Casa Branca e o escritório do Representante de Comércio dos EUA não retornaram imediatamente a um pedido de comentário.
A guerra comercial foi intensificada na sexta-feira após Trump elevar as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses, dizendo que a China havia quebrado compromissos anteriores feitos durante meses de negociações comerciais.
Pequim prometeu responder às últimas tarifas dos EUA. "Quanto aos detalhes, por favor, continuem prestando atenção. Copiando uma expressão dos EUA - esperem e vejam", disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, em uma entrevista coletiva nesta segunda-feira.
Trump advertiu a China não para intensificar a disputa comercial e pediu aos seus líderes, incluindo o presidente Xi Jinping, para continuarem com o trabalho para chegar a um acordo. "A China não deveria retaliar - só vai piorar se fizer isso", disse ele em uma publicação no Twitter.
"Eu digo abertamente ao presidente Xi e a todos os meus muitos amigos na China que a China será gravemente afetada se vocês não fizerem um acordo porque as empresas serão forçadas a deixar a China para outros países", escreveu Trump.
Trump na semana passada também ordenou que o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, começasse a impor tarifas sobre todas as importações remanescentes da China, uma medida que afetará um valor adicional de 300 bilhões de dólares em mercadorias de origem chinesa.
Questionado sobre a ameaça, Geng disse: "Dissemos muitas vezes que a adição de tarifas não resolverá nenhum problema ... Temos a confiança e a capacidade de proteger nossos direitos legais e legítimos".
A mídia estatal chinesa manteve um ritmo constante de comentários fortes nesta segunda-feira, reiterando que a porta da China para as negociações está sempre aberta, mas prometendo defender os interesses e a dignidade do país.
Em um comentário, a televisão estatal disse que o efeito sobre a economia chinesa das tarifas dos EUA é "totalmente controlável".
"Não é grande coisa. A China está fadada a transformar a crise em oportunidade e usar isso para testar suas habilidades, para tornar o país ainda mais forte."