Por Gernot Heller e Michael Nienaber
BADEN BADEN, Alemanha (Reuters) - Os líderes financeiros do mundo não devem apoiar o livre comércio e nem rejeitar o protecionismo em um comunicado a ser divulgado neste sábado, porque não foram capazes de encontrar um texto que se encaixasse em uma postura mais protecionista dos Estados Unidos, disseram autoridades do G20.
Se confirmado, isso romperá com uma tradição de uma década entre os ministros das Finanças e chefes de bancos centrais das 20 maiores economias do mundo (G20), que ao longo dos anos têm repetidamente rejeitado o protecionismo e apoiado o livre comércio.
Mas o novo governo dos Estados Unidos está considerando medidas comerciais para restringir as importações com a imposição de taxas e não concordaria em repetir as formulações usadas em comunicados anteriores do G20, confrontando a China e a Europa, disseram as autoridades.
"A não ser que haja um milagre de última hora, não há acordo sobre comércio", disse uma autoridade, que pediu para não ser identificada, à Reuters.
A Alemanha, que detém a presidência rotativa do G20 e sedia a reunião dos ministros na cidade de Baden Baden, viu a ausência de um endosso formal ao livre comércio como um fracasso.
"Isso não é um bom resultado para a reunião", disse o presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, segundo um delegado do G20. A Alemanha tem superávit comercial de 65 bilhões de dólares com os EUA.
Em uma medida parcial, o comunicado pode conter uma referência à importância do comércio para a economia.
O secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, disse na quinta-feira que o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, não deseja entrar em guerras comerciais, mas que algumas relações de comércio precisam ser reexaminadas para torná-las mais justas para os trabalhadores norte-americanos.
Depois de uma reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel, na sexta-feira, Trump disse não acreditar no isolacionismo, mas afirmou que a política comercial deve ser mais justa.
A possibilidade de não haver referência ao comércio foi mencionada pelo ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, em entrevista na quinta. Ele foi respaldado pela diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e por outras autoridades do G20 que disseram que um acordo pode ficar para um encontro de cúpula do G20 em julho.
Mas outros países do grupo argumentaram que o comércio de bens responde por quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) global e, portanto, é uma questão para os ministros das Finanças que buscam acelerar o crescimento global. Eles argumentam que é necessária uma referência ao comércio no comunicado.