Por Ahmed Rasheed
BAGDÁ (Reuters) - Militantes do grupo Estado Islâmico tomaram quatro pequenos campos de petróleo em uma ofensiva no norte do Iraque no mês passado, e agora estão vendendo petróleo bruto e gasolina para ajudá-los a financiar seu recém-declarado califado.
Perto da cidade de Mosul, norte do país, o Estado Islâmico assumiu o controle dos campos de Najma e Qayara, ao passo que mais ao sul, próximo a Tikrit, foram tomados os campos de Himreen e Ajil, na ofensiva de meados de junho.
Os campos nas mãos do Estado Islâmico são modestos se comparados com os poços gigantes do Iraque perto de Kirkuk e de Basra, que estão sob controle curdo e do governo central. A maioria dos poços de petróleo em posse do grupo militante - estimados por uma autoridade curda em cerca de 80 - estão selados, sem funcionamento.
Mas o monopólio sobre o combustível no território capturado dá aos rebeldes uma vantagem sobre outras facções armadas sunitas que poderiam ameaçar sua dominância no norte do Iraque.
Autoridades iraquianas dizem que nas últimas semanas o grupo transportou petróleo de Qayara para ser processado em refinarias móveis na Síria como gasolina de baixa qualidade, e depois a levaram para venda em Mosul, uma cidade com 2 milhões de pessoas.
Embarques maiores de petróleo, alguns vindos de Najma, também são vendidos via contrabandistas para negociadores turcos a preços com substancial desconto, a 25 dólares por barril, disseram eles.
"Nós confirmamos relatos que mostram que o Estado Islâmico está levando petróleo do campo de Najma, em Mosul, para a Síria, para contrabandeá-lo para um dos vizinhos da Síria", disse Husham al-Brefkani, chefe do comitê de energia do conselho provincial de Mosul.
"O Estado Islâmico está obtendo lucros milionários com esse negócio ilegal."
Postos de gasolina em Mosul agora estão vendendo combustível fornecido por negociadores que trabalham com o Estado Islâmico, que cobra de 1 a 1,5 dólar por litro de gasolina, dependendo da qualidade - um forte aumento sobre os preços anteriores, segundo o dono de um posto de gasolina da cidade.
"O combustível é trazido da Síria… é o triplo do preço de antes, mas os motoristas têm que comprá-lo porque acabou o subsídio do governo ao combustível", disse ele.
Brefkani disse que o Estado Islâmico era o único patrocinador das importações da Síria, onde o grupo também controla os campos petrolíferos da província de Deir al-Zor.