Por Jan Strupczewski e Renee Maltezou
BRUXELAS (Reuters) - Os credores internacionais da Grécia apresentaram uma proposta final de reformas em troca de recurso para ministros das Finanças da zona do euro nesta quinta-feira, num confronto com Atenas depois que longas negociações fracassaram em produzir um entendimento para evitar o default iminente.
Ministros gregos resistentes disseram que vão se ater às suas próprias propostas, baseadas em grande parte em aumentos de impostos e contribuições sociais, que os credores do país dizem que não irão arrecadar receita o bastante para tapar o enorme buraco orçamentário.
"A decisão está exclusivamente com as autoridades gregas. Eles, porém, voltaram um pouco atrás", disse o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, ao chegar à segunda reunião emergencial do Eurogrupo em menos de 24 horas.
Sem um acordo até o final de semana para desbloquear ajuda, a Grécia, que recebeu dois resgates somando 240 bilhões de euros desde 2010, dará o calote num pagamento crucial ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na próxima terça-feira.
Isso pode desencadear uma corrida aos bancos e controles de capitais, colocando o país em um caminho nunca trilhado para fora da zona do euro de 19 países e impactando a união monetária europeia.
Depois de cinco meses de negociações ásperas, os chefes da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do FMI deram ao primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, um ultimato para que apresente um plano de reformas crível até a metade da manhã desta quinta-feira, dizendo que do contrário enviariam sua própria versão ao Eurogrupo.
A Grécia não cumpriu o prazo, dizendo que mantinha as propostas enviadas na segunda-feira com alguns modificações. Estas incluem a restauração da isenção de Impostos sobre Valor Agregado (IVA) para ilhas gregas, como exigido pelos parceiros de coalizão de Tsipras.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, afirmou a repórteres: "A única coisa que apresentamos ao Eurogrupo é o que as instituições fizeram juntas. Não temos um entendimento dos gregos sobre isso, então teremos ouvir na reunião do Eurogrupo quais são as ideias deles."
Esses acontecimentos surgiram horas antes de líderes da União Europeia se reunirem em Bruxelas para uma cúpula sobre migração, futuro a longo prazo da zona do euro e a renegociação dos termos da Grã-Bretanha como membro, o que foi ofuscado pela crise de dívida da Grécia.
(Reportagem adicional de Yves Herman, Michele Kambas, Renee Maltezou e James Mackenzie)