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Cristina Kirchner chama fundos abutres de "terroristas econômicos"

Publicado 24.09.2014, 19:42
Cristina Kirchner chama fundos abutres de "terroristas econômicos"

Nações Unidas, 24 set (EFE).- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, chamou nesta quarta-feira de "terroristas econômicos" os "fundos abutres" que abriram um processo contra seu país na Justiça dos Estados Unidos, mas disse que a Argentina pagará seu débito e pediu a aprovação de um novo marco legal para as renegociações das dívidas soberanas.

"Não são só os terroristas que põem bombas, mas também são aqueles que desestabilizam a economia de um país a partir do pecado da especulação", disse Cristina Kirchner durante seu discurso no plenário da Assembleia Geral das Nações Unidas.

A presidente reiterou que a Argentina "pagará", apesar das "ameaças" dos fundos especulativos, e louvou que a Assembleia Geral tenha se posicionado para ter um novo marco regulador "antes da próxima reunião", no ano que vem.

Cristina denunciou em várias ocasiões que a Argentina está sendo "assediada" pelos fundos abutres "com a cumplicidade do Judiciário" americano, e mencionou concretamente o juiz federal responsável pelo caso em um tribunal de Nova York.

"Não faltará um juiz como (Thomas) Griesa que diga que isso não vale nada e queira impor taxas absurdas para nos fazer sangrar", disse a presidente, que denunciou que eles querem "jogar no lixo" a reestruturação da dívida "que tanto trabalho custou aos argentinos".

Esses fundos, disse a presidente sul-americana, se dedicam a comprar títulos de países em moratória para depois "acioná-los na Justiça" e conseguir lucros "exorbitantes", chegando neste caso a buscar uma rentabilidade "de 1.608% em cinco anos, em dólares".

"Digam-me se existe alguma empresa que consiga algo assim. Por isso os chamamos de fundos abutres e hoje eles estão obstruindo o pagamento para 92% de nossos credores que confiaram na Argentina", acrescentou a presidente.

Em todo caso, Cristina insistiu que a Argentina "vai pagar todas as suas dívidas", mesmo com esses fundos que "ameaçam e fustigam" as economias dos países, "provocando rumores, infâmias e calúnias desde o âmbito pessoal até o financeiro".

A presidente lembrou que, depois da moratória de 2001, seu país "teve que dar um jeito" para reestruturar sua dívida, e o conseguiu em duas oportunidades, a primeira em 2005 e a segunda em 2010, que incluíram mais de 92% dos credores.

"Desde 2003 até o momento, pagamos mais de US$ 190 bilhões, repito, mais de US$ 190 bilhões de dívida", disse Cristina, que destacou também que a Argentina selou os acordos para cancelar sua dívida com o FMI e o Clube de Paris.

A presidente se mostrou confiante que a Assembleia Geral vai aprovar, "com prontidão e rapidez", um novo convênio multilateral que regule as reestruturações das dívidas soberanas "para que nenhum outro país tenha que passar pelo que está passando a Argentina".

Por outro lado, se uniu às vozes de outros países que exigem uma reforma do sistema das Nações Unidas por considerar "um paradoxo" que a Assembleia Geral "tenha que pedir permissão" para entrar no Conselho de Segurança.

Em uma ferrenha defesa do multilateralismo, disse que enquanto o voto dos cinco países permanentes com poder de veto valer mais que os de Costa do Marfim, Gana, Quênia, Egito, Argentina, Bahrein e Emirados Árabes, "nada será solucionado".

Em seguida, a presidente disse que enquanto não houver essa reforma, "só haverá discursos" e outros temas pendentes não poderão ser solucionados como o conflito que a Argentina mantém com o Reino Unido pela soberania das Ilhas Malvinas.

Cristina garantiu também que se for conseguido um maior equilíbrio de poderes, tanto no âmbito diplomático como no financeiro, será "um grande antídoto" contra os que "recrutam jovens sem futuro e os envolvem em causas sem sentido".

"Acredito sinceramente que grande parte dos problemas do planeta, nos âmbitos econômico e financeiro, em matérias de terrorismo, segurança e de força e integridade territorial, é devido à ausência de um multilateralismo efetivo, concreto e democrático", disse.

"Em épocas de abutres econômicos e falcões da guerra, fazem falta mais pombas da paz", insistiu.

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