Buenos Aires, 9 set (EFE).- A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, destacou a decisão majoritária da Assembleia Geral da ONU de aprovar nesta terça-feira uma resolução para promover um marco multilateral para regulamentar os processos de reestruturação da dívida soberana dos países.
"Hoje é um dia muito especial para todos os argentinos", disse Cristina em um ato na sede do Executivo, transmitido por rede nacional de rádio e televisão.
O texto, proposto pela Bolívia em nome dos países do grupo G77 mais a China, foi aprovado com 124 votos a favor, 11 contra e 41 abstenções.
Cristina destacou que o papel do G77+China foi "determinante" para a aprovação da resolução, que estipulou a realização de uma "convenção internacional sobre quebras e sobre reestruturações das dívidas soberanas".
A redação da convenção deve estar finalizada antes da próxima Assembleia Geral de 2015, destacou a governante argentina.
Cristina disse que se sente "orgulhosa como argentina por apoiar uma doutrina internacional nesta matéria".
A presidente argentina agradeceu "a todos os países do G77+China e também a todos os países que se abstiveram, ao invés de votarem contra, o que é um grande incentivo".
"E sobre os que votaram contra, não vou dizer nada. Um dia compreenderão que precisamos de um mundo mais equilibrado, mais justo, com mais pombas e menos abutres, não só na economia, mas também no campo militar. Estamos fartos dos falcões e dos abutres", declarou a presidente argentina.
Além disso, questionou "que sustentabilidade vai ter um mundo onde dois ou três multimilionários, pressionando a Justiça, podem conseguir sentenças que lhes concedam benefícios usurários".
Cristina aproveitou para pedir à oposição que ajude a aprovar o projeto para o pagamento local da dívida como alternativa para aqueles investidores que não podem receber nos Estados Unidos por conta do litígio com os fundos abutres na Justiça de Nova York.
A iniciativa, que já foi aprovada pelo Senado, será discutida nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados.
"Deveriam refletir sobre o que foi conseguido hoje nas Nações Unidas", disse a chefe de Estado, que insistiu que "não é justo que um punhado de multimilionários afogue um país e consiga extorquir toda uma sociedade com ameaças".
A Argentina foi acionada na Justiça dos EUA pelos fundos de investimento que possuem títulos da dívida soberana do país sul-americano que estão em moratória desde o "default" de 2001 e reivindicam o pagamento de US$ 1,3 bilhão, acrescidos de juros.
O juiz nova-iorquino Thomas Griesa, que se pronunciou de forma favorável aos fundos em uma decisão que depois foi ratificada pela Suprema Corte, impediu que os credores da dívida argentina reestruturada pudessem receber as parcelas de seus vencimentos nos EUA.