Por Caroline Stauffer e Maximilian Heath
BUENOS AIRES (Reuters) - Os líderes das maiores potências econômicas do mundo apoiaram neste sábado uma revisão da entidade global que regulamenta as disputas do comércio internacional, antes de uma reunião importante entre o presidente norte-americano Donald Trump e o presidente chinês Xi Jinping, com o objetivo de desarmar a guerra comercial.
O grupo de 20 nações industrializadas pediu reformas na Organização Mundial do Comércio (OMC) em meio a tensões comerciais globais cada vez maiores, conforme comunicado conjunto divulgado ao fim da cúpula de dois dias na Argentina.
O comunicado, que foi finalizado depois de as delegações terem trabalhado no texto ao longo da noite de sexta-feira, reconhece o comércio como uma engrenagem importante para o crescimento global, mas fez apenas uma menção de passagem aos “atuais problemas comerciais”, sem entrar em mais detalhes.
“Nós reconhecemos a contribuição que o sistema de comércio multilateral fez”, disse o comunicado. “O sistema, neste momento, não está conseguindo atingir seus objetivos e há espaço para melhoria. Nós, portanto, apoiamos as reformas necessárias à OMC para melhorar o seu funcionamento. Vamos revisar o progresso na nossa próxima cúpula”.
A OMC está prestes a ficar disfuncional, exatamente quando é mais necessária para cumprir seu papel de árbitra em disputas comerciais e supervisora do comércio global.
Os Estados Unidos estão infelizes com o que afirmam ser o fracasso da OMC de cobrar Pequim por não abrir sua economia, como previsto quando a China juntou-se ao órgão, em 2001.
Ao forçar reformas à OMC, os Estados Unidos bloqueiam novas nomeações à principal corte de comércio do mundo. A União Europeia também pressiona por reformas na OMC.
Delegados do G20 afirmaram que as negociações sobre o comunicado final da cúpula foram realizadas com mais tranquilidade do que em uma reunião entre líderes asiáticos, duas semanas atrás, que terminou sem um consenso, graças à decisão de evitar referências ao protecionismo e práticas comerciais injustas.
Sobre as mudanças climáticas, os Estados Unidos mais uma vez marcaram suas divergências com o resto do G20, reiterando no comunicado a decisão de saída do Acordo de Paris e o compromisso com o uso de todas as fontes de energia.
Os outros membros do grupo reafirmaram o compromisso com a implementação do Acordo de Paris, levando em conta as circunstâncias nacionais e capacidades relativas.
“Vamos continuar a atacar as mudanças climáticas, promovendo o desenvolvimento sustentável e o crescimento econômico”, disse o comunicado.
Com os Estados Unidos e a China presos em disputas cada vez maiores sobre o comércio e segurança, o que aumenta as dúvidas sobre o futuro da relação entre os dois países, os mercados financeiros globais irão na semana que vem tirar pistas do resultado das conversas entre Trump e Xi, no jantar deste sábado.
Pequim espera convencer Trump a abandonar os planos de elevar as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses para 25 por cento em janeiro, ante 10 por cento atualmente. Trump ameaçou ir adiante com o plano e, possivelmente, adicionar tarifas sobre 267 bilhões de dólares em importações se não houver progresso nas negociações.
Trump vem há muito tempo criticando o superávit comercial da China com os Estados Unidos e Washington acusa Pequim de não jogar de forma justa no comércio. Já a China vê protecionismo na postura dos Estados Unidos e tem resistido ao que considera tentativas de intimidação.
Os dois países também discordam sobre as extensas reivindicações da China no Mar do Sul da China e sobre os movimentos de navios de guerra dos EUA no Estreito de Taiwan.