BRASÍLIA (Reuters) - A presidente Dilma Roussseff tentou amenizar neste domingo mal-estar criado após declarar durante a semana, ao ser perguntada sobre a permanência do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que se reeleita teria uma equipe nova.
Embora tenha afirmado que não iria "escalar" um eventual novo governo antecipadamente, a presidente e candidata à reeleição pelo PT afirmou que uma nova equipe poderia ser composta por integrantes da atual gestão.
"Um governo novo fará uma equipe nova. As pessoas que vão compor essa equipe, elas podem vir do governo anterior, mas é uma nova equipe", disse Dilma, em entrevista coletiva no Alvorada, após reunião com representantes de movimentos sociais ligados à juventude e depois de participar de desfile do 7 de Setembro.
Na quinta-feira, Dilma afirmou, ao ser questionada sobre a permanência de Guido Mantega, que "governo novo, equipe nova, não tenha dúvida disso".
Perguntada neste domingo sobre a manutenção do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, a presidente se negou a indicar sua equipe antecipadamente.
"Eu não vou discutir a minha equipe nem vou escalá-la a esta altura do campeonato", disse. "Acho que isso é sentar na cadeira antes do tempo... E eu não sento na cadeira, primeiro, porque eu acho que dá azar."
A condução econômica do governo tem sido foco de críticas à petista devido ao baixo crescimento e à inflação elevada.
DEBATE ELEITORAL
Na entrevista deste domingo, Dilma afirmou ainda que sua intenção não é agredir a principal adversária na corrida eleitoral, a ex-senadora Marina Silva, que disputa o Planalto pelo PSB.
"Sinto muito, não é esse o nosso interesse... Nós não queremos agredir. Nós queremos fazer um debate qualificado", disse. "Lamento que debate qualificado seja visto como agressão."
A candidata do PT reafirmou suas posições em defesa do pré-sal e da política de conteúdo nacional, pontos que têm apresentado em seu programa para se contrapor a Marina, sob o argumento de que a ex-senadora não daria a mesma prioridade a esses temas.
Em outra alfinetada à adversária, Dilma defendeu a atuação dos bancos públicos nos financiamentos de programas do governo, caso do Minha Casa, Minha Vida.
DENÚNCIAS
Questionada sobre a permanência no atual governo de Edison Lobão no comando do Ministério de Minas e Energia, Dilma afirmou que tomará as "providências cabíveis" apenas após ter acesso às informações oficiais sobre denúncias envolvendo o ministro.
"Eu gostaria muito de ter acesso a essas informações de forma oficial... eu não posso tomar nenhuma providência enquanto eu não tiver todos os dados oficialmente", afirmou, referindo-se às recentes denúncias de um suposto esquema de corrupção na Petrobras.
Reportagem da revista Veja desta semana afirma que o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa teria citado em depoimento à Polícia Federal dezenas de parlamentares da base aliada do governo, três governadores e o ministro Lobão como envolvidos.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)