Investing.com – Mercados aguardavam o discurso de Janet Yellen, presidente do Federal Reserve, nesta sexta-feira no Simpósio Econômico de Jackson Hole, no estado do Wyoming, para ver se a dirigente do banco central norte-americano oferecerá mais indicações quanto à remoção da política acomodatícia e, enquanto se espera pouca informação nova, o discurso pode acabar não sendo tão "entendiante" quanto esperado.
O simpósio de 2017 se concentrará no tema "Promovendo uma Economia Global Dinâmica" e Yellen deverá fazer um discurso intitulado "Estabilidade Financeira" às 11h00 (horário de Brasília).
Com maiores expectativas de emoções deixadas para a apresentação que ocorrerá mais tarde de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, o Danske Bank descarta algo "dramático" com relação ao discurso de Yellen.
"Esperamos uma repetição de sinais de que o anúncio da redução do balanço patrimonial acontecerá relativamente logo (provavelmente setembro) e mais um aumento dos juros é o cenário básico para este ano", explicaram esses especialistas.
O Fed deixou bem claro que planeja avançar com a redução do balanço patrimonial em algum momento deste ano e os mercados esperam amplamente que o anúncio ocorra na decisão de política monetária de 20 de setembro com outubro sendo visto como a mais provável data de início.
Ao se referir à redução do programa de compra de ativos, John Williams, presidente do Fed de São Francisco, insistiu no início dessa semana que seria "o fato mais comentado na história dos bancos centrais".
"Estamos tentando tornar isso entendiante", explicou Williams.
Dúvidas sobre outro aumento dos juros em 2017
Contudo, embora os mercados pareçam estar preparados para a redução "comentada" do balanço patrimonial, eles ainda tem dúvidas quanto à perspectiva do Fed que irá continuar com ainda mais um aumento dos juros este ano.
Antes dos comentários de Yellen, os futuros do fundo Fed viam a possibilidade de aumento com apenas 44% de chances, de acordo com o Monitor da Taxa da Reserva Federal do Investing.com, e, de fato, as apostas para outro aumento de 25 pontos base não ultrapassam o patamar de 50% de chantes até março de 2018.
"Já tendo iniciado a normalização da taxa-alvo dos fundos do Fed em dezembro de 2015, (Yellen) provavelmente tentará convencer os mercados de que a inflação dos EUA, de fato, se recuperará novamente para justificar mais aumentos dos juros", previram economistas da Julius Baer em sua perspectiva para Jackson Hole.
"O tema do discurso por si só não é um indicador suficiente se (Yellen) comentará ou não sobre a política monetária atual", afirmou o Goldman Sachs em uma nota aos clientes quanto ao tema do simpósio econômico.
Esses especialistas lembraram seus clientes de que na reunião do ano passado a presidente do Fed realizou uma sessão de abertura sobre "Perspectiva e Situação Econômicas Atuais" que "poderia muito bem ter sido omitida" de seu discurso sobre "Ferramentas de Política Monetária do Federal Reserve".
Com a redução do balanço patrimonial estabelecida nas mentes dos investidores, Yellen poderá muito bem utilizar o discurso de sexta-feira como uma tentativa de levar as expectativas do mercado para mais perto da perspectiva do Fed ao reforçar a ideia de que a fraqueza recente nos números da inflação foi apenas transitória e que a força contínua do mercado de trabalho acabará eventualmente elevando os salários.
Antes do discurso, o índice dólar, que mede a força da moeda frente a uma cesta ponderada de seis principais divisas, avançava 0,09% para 93,01 às 04h31 (horário de Brasília).
Fique atualizado sobre as expectativas do mercado em relação às mudanças nas taxas de juros do Fed com o Monitor da Taxa da Reserva Federal do Investing.com: https://br.investing.com/central-banks/fed-rate-monitor