Por Jonathan Landay e Stephen Kalin
RIAD (Reuters) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, disse neste domingo que está na hora de as milícias apoiadas pelo Irã e de seus conselheiros iranianos, que ajudaram a derrotar o Estado Islâmico no Iraque, “voltarem para casa”, depois de uma rara reunião conjunta entre líderes iraquianos e sauditas.
Os EUA se preocupam que o Irã, um rival xiita na região, aproveite-se dos ganhos obtidos contra o EI no Iraque e na Síria para expandir a influência que conseguiu obter após a invasão norte-americana de 2003, o que é combatido pelos Estados sunitas, como a Arábia Saudita.
“As milícias iranianas que estão no Iraque, agora que a luta contra o Estado Islâmico chega a um desfecho, essas milícias devem voltar para casa. Os combatentes estrangeiros no Iraque precisam ir para casa e permitir que o povo do Iraque reassuma o controle”, disse Tillerson numa entrevista coletiva conjunta com o chanceler saudita, Adel Jubeir.
Dezenas de milhares de iraquianos atenderam a um chamado para a luta armada em 2014, depois que o EI passou a controlar mais de um terço do país, formando as Forças Populares de Mobilização (FPM), que receberam financiamento e treinamento de Teerã e foram declaradas parte do aparato de segurança iraquiano.
Uma autoridade de alto escalão dos EUA disse que Tillerson se referia às FPM e à Força Quds, braço paramilitar estrangeiro e de espionagem do Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica iraniano.
Os militares iraquianos, armados pelos EUA mas apoiados pelas FPM, expulsaram neste ano o grupo muçulmano radical sunita de Mosul e de outras cidades no nordeste do Iraque. Vários milhares de soldados norte-americanos ainda estão no país, a maioria em missões de treinamento, embora ainda façam incursões contra o EI.
Um novo órgão formado por Iraque e Arábia Saudita teve sua primeira reunião na manhã deste domingo, para coordenar a luta contra o EI e a reconstrução do território iraquiano, em grande parte deixado em ruínas pelo grupo.
Jubeir ressaltou os laços históricos entre os dois países vizinhos, que além de fronteiras compartilham amplos recursos petrolíferos e muitas das mesmas tribos.
“A tendência natural dos dois países e povos é de ser muito próximos um do outro, como têm sido há séculos. Isso foi interrompido por algumas décadas. Estamos tentando agora recuperar o terreno perdido”, disse o chanceler saudita.