Por Tom Miles
GENEBRA (Reuters) - Um acordo comercial que vai aumentar as exportações globais em 1 trilhão de dólares deve entrar em vigor dentro de duas semanas, disse o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta quinta-feira, no momento em que a retórica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, torna incerto o panorama para o comércio global.
O Acordo de Facilitação de Comércio (TFA, na sigla em inglês) vai ter um impacto importante para os países mais pobres, porque ele padroniza e simplifica procedimentos alfandegários, cortando tempo, custos e complexidades da passagem de bens pela fronteiras.
"Na história da OMC, é o maior acordo que já alcançamos”, disse o diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo, em entrevista à Reuters.
Jordânia, Chade e Kuweit estão todos prestes a ratificar, o que faria o acordo passar da marca exigida de 110 países membros da OMC para entrar em vigor, afirmou Azevedo.
"Há estimativas que, quando totalmente implementado, isso pode ter um impacto de cerca de 2,7 pontos percentuais em expansão comercial no mundo a cada ano até 2030.”
Num lugar em que um produto pode ter previamente levado seis ou sete semanas para chegar, a espera pode ser cortada para alguns dias.
Os EUA, a União Europeia e a China estão entre os primeiros que adotaram, embora países grandes e ricos tenham menos a ganhar, uma vez que os seus procedimentos alfandegários já são de alto nível.
Perguntado se o acordo é o ponto alto da liberalização do comércio global, o veterano negociador comercial brasileiro disse que ainda havia uma “pauta rica” de possíveis reformas comerciais, incluindo para investimentos, serviços e pequenos negócios.
Azevedo declarou que ainda era muito cedo para dizer se o novo governo dos EUA apoiaria essas reformas, acrescentando que muito do que estava sendo dito sobre os planos comerciais de Trump era especulação deduzida de comentários prévios.
Trump tem defendido a posição “América primeiro” e falado sobre implementar impostos para impedir que empregos do setor industrial se desloquem para o México e a China, provocando temores de uma guerra comercial entre os principais blocos econômicos.
Azevedo afirmou que poderia haver um aumento de disputas comerciais e que a OMC estava pronta para lidar com isso. "Um monte de preocupações que eu tenho ouvido em debates políticos recentes nos EUA pode ser tratado com instrumentos que nós temos aqui na OMC.”
Contudo, uma guerra comercial que ignore as regras do sistema seria um “cenário muito ruim”.