Por David Shepardson
WASHINGTON (Reuters) - A Casa Branca anunciou nesta sexta-feira que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiou a decisão de impor tarifas sobre carros e peças de automóveis importadas por até seis meses com o objetivo de obter mais tempo nas negociações comerciais com a União Europeia e o Japão.
A Casa Branca disse, no entanto, que Trump concordou com o relatório apontando que veículos e peças importados podem ameaçar a segurança nacional dos EUA.
Trump tinha até sábado para tomar uma decisão sobre as recomendações do Departamento de Comércio para proteger a indústria automobilística dos EUA das importações por motivos de segurança nacional.
Trump orientou o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, para prosseguir com as negociações e apresentar um relatório dentro de 180 dias e disse que, se nenhum acordo for alcançado, decidirá então "se ações adicionais precisam ser tomadas e quais".
Em uma declaração divulgada nesta sexta-feira, Trump disse concordar com um estudo do Departamento de Comércio que descobriu que alguns carros e caminhões importados estão "enfraquecendo nossa economia interna" e ameaçam prejudicar a segurança nacional.
As tarifas de automóveis enfrentam forte oposição no Congresso, inclusive de muitos republicanos.
A Reuters e outras empresas informaram no começo da semana que Trump deveria adiar a decisão. Montadoras se opuseram fortemente às tarifas, dizendo que elas aumentarão os preços e ameaçam milhares de empregos nos Estados Unidos.
A declaração de Trump disse que "as condições domésticas de concorrência têm que ser melhoradas pela redução das importações" e disse que um forte setor automotivo dos EUA é vital para a superioridade militar norte-americana.
O relatório citou estatísticas de que a participação de empresas norte-americanas no mercado automobilístico dos EUA declinou de 67%, ou 10,5 milhões de unidades produzidas e vendidas nos Estados Unidos, em 1985 para 22%, 3,7 milhões de unidades produzidas e vendidas nos Estados Unidos, em 2017.
Ao mesmo tempo, os relatórios disseram que as importações quase dobraram, de 4,6 milhões de unidades para 8,3 milhões de unidades.
O secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, disse a Trump que "negociações bem sucedidas podem permitir que fabricantes norte-americanos de automóveis alcancem a viabilidade econômica de longo prazo e aumentem os gastos em pesquisa e desenvolvimento para criação de tecnologias de ponta, que são cruciais para a indústria de defesa".
Trump ameaçou impor tarifas de até 25% em carros e caminhões importados.
As montadoras alertaram que as tarifas custam centenas de milhares de empregos no setor, aumentam drasticamente os preços dos veículos e ameaçam os gastos com carros autônomos.