Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O governo norte-americano anunciou nesta quinta-feira apoio oficial à entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), informou o Ministério das Relações Exteriores.
A informação foi revelada pelo Itamaraty em sua conta no Twitter.
"Hoje na OCDE os EUA expressaram de modo claro e oficial seu apoio ao pleito do Brasil de ingressar na OCDE, uma prioridade do presidente Jair Bolsonaro. O Brasil agradece o gesto de confiança e está pronto a trabalhar com todos os membros e Secretariado no processo de acessão", disse o ministério.
Em Paris, onde está para a reunião da OCDE, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, classificou de "importantíssimo" o apoio norte-americano.
"Foi importantíssimo no nosso caminho para nos tornarmos membro pleno da OCDE. O presidente (Donald) Trump já tinha garantido seu apoio de maneira muito clara, de modo que a confirmação era esperada aqui, no ambiente da OCDE", disse Araújo.
"Isso foi extremamente relevante. Era talvez a principal peça que faltava para que nós pudéssemos começar o processo de adesão no mais breve tempo possível", acrescentou.
O apoio foi prometido pelo presidente dos EUA durante a visita de Bolsonaro a Washington, em março. Em troca, o Brasil se comprometeu a abrir mão do tratamento especial e diferenciado na Organização Mundial do Comércio (OMC), ao qual tem direito por ser um país em desenvolvimento, e que traz condições favoráveis em negociações.
No entanto, no encontro preparatório para reunião do Conselho da OCDE, no mês passado, os norte-americanos evitaram declarar o apoio. A alegação é que não tinham instrução formal para isso.
Em seguida, depois da repercussão, o Departamento de Estado norte-americano reafirmou a intenção de apoiar o Brasil no órgão.
Nesta quinta-feira, a embaixada dos EUA no Brasil reafirmou que o país mantém o apoio ao Brasil.
Com o apoio norte-americano, que antes bloqueava a expansão da OCDE, o Brasil deverá começar em breve o processo de adesão, que pode levar até cinco anos para ser completado.
Além do Brasil, Argentina e Romênia também devem iniciar seus processos de adesão. Os europeus ainda tentam incluir mais um país da região --possivelmente a Bulgária--, alegando uma questão de equilíbrio regional.
"Os europeus têm as preocupações deles com o equilíbrio regional, mas isso é algo a ser discutido entre os membros atuais", disse Araújo.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)