Por Doina Chiacu e Stella Qiu
WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - Os Estados Unidos e a China tiveram uma discussão acalorada nesta quinta-feira, com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusando o presidente-executivo da Huawei de mentir sobre os laços da empresa com o governo comunista, e Pequim dizendo que Washington deve terminar com suas "ações equivocadas" se quiser que as negociações comerciais continuem.
Os Estados Unidos colocaram a Huawei numa lista negra de negócios na semana passada, proibindo empresas norte-americanas de fazer negócios com a maior fabricante de equipamentos de rede de telecomunicações do mundo e escalando uma batalha comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Pompeo disse à CNBC que o presidente-executivo da Huawei mentiu quando disse que não há vínculo da empresa com o governo de Pequim e acredita que mais companhias dos EUA cortarão os laços com a gigante de tecnologia.
"A empresa está profundamente ligada não apenas à China, mas ao Partido Comunista Chinês. E a existência dessas conexões coloca em risco a informação americana que atravessa essas redes", disse Pompeo à CNBC.
"Se você colocar suas informações nas mãos do Partido Comunista Chinês, é de fato um risco real. Eles podem não usá-las hoje, mas podem fazê-lo amanhã."
Parlamentares dos EUA se mobilizaram para fornecer 700 milhões de dólares em subsídios para ajudar os fornecedores de telecomunicações dos EUA com os custos de remover equipamentos Huawei de suas redes e bloquear o uso de equipamentos ou serviços das empresas de telecomunicações chinesas Huawei e ZTE em redes 5G de próxima geração.
A China revidou.
"Se os Estados Unidos quiserem continuar as negociações comerciais, devem mostrar sinceridade e corrigir suas ações equivocadas. As negociações só podem continuar com base na igualdade e no respeito mútuo", disse o porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng.
"Vamos acompanhar de perto os desenvolvimentos relevantes e preparar as respostas necessárias", disse ele, sem dar detalhes.
Nenhuma reunião entre os principais negociadores chineses e norte-americanos foi marcada desde 10 de maio, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, subiu as tarifas sobre 200 bilhões de dólares em bens chineses e tomou medidas para taxar todas as importações chinesas restantes.
Sem resolução à vista, o secretário da Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, anunciou um programa de ajuda de 16 bilhões de dólares para ajudar fazendeiros dos EUA que foram prejudicados pela guerra comercial, com alguns fundos para abrir mercados fora da China para produtos norte-americanos.
Os agricultores estão entre os mais afetados pela guerra comercial EUA-China, embora os varejistas também estejam alertando que a última rodada de tarifas potenciais aumentará os preços para muitos de seus consumidores.
Washington elevou as tarifas existentes sobre 200 bilhões de dólares em produtos chineses para 25%, ante 10%, o que levou Pequim a retaliar com suas próprias taxações sobre as importações norte-americanas.
Trump ameaçou impor tarifas de até 25% sobre uma lista adicional de importações chinesas no valor de 300 bilhões de dólares, mas o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse na véspera que espera que os dois lados retomem as negociações.
Espera-se que Trump se encontre com o presidente chinês, Xi Jinping, na cúpula do G20 no Japão, de 28 a 29 de junho.
Dois navios da Marinha dos EUA também navegaram pelo Estreito de Taiwan na quarta-feira, no mais recente ato de uma série de "operações de liberdade de navegação" para enfurecer Pequim.