Por John Whitesides e James Oliphant
WASHINGTON (Reuters) - O ex-chefe de inteligência dos Estados Unidos James Clapper refutou a acusação do presidente dos EUA, Donald Trump, de que foi alvo de escutas telefônicas por parte de seu antecessor Barack Obama, e a Casa Branca exortou o Congresso a investigar a alegação de Trump.
O jornal New York Times disse no domingo que o atual diretor do FBI, James Comey, pediu ao Departamento de Justiça que rejeitasse a acusação de escuta feita por Trump porque ela é falsa e deve ser corrigida, mas o departamento não o fez. A reportagem citou autoridades norte-americanas de primeiro escalão.
A Casa Branca exortou o Congresso, controlado pelo Partido Republicano de Trump, a examinar se a gestão Obama abusou de sua autoridade investigativa durante a campanha presidencial de 2016, como parte de um inquérito congressional em andamento sobre a influência da Rússia na eleição.
Trump alegou no sábado, sem oferecer indícios que sustentassem a acusação, que Obama ordenou a instalação de escutas nos telefones da Trump Tower, seu quartel-general de campanha em Nova York.
"Não houve nenhuma atividade de escutas montada contra o presidente eleito, ou como candidato ou contra sua campanha", disse o ex-diretor de Inteligência Nacional dos EUA James Clapper, que deixou o cargo ao fim do segundo mandato de Obama, em janeiro, no programa "Meet the Press", da rede NBC.
Segundo a lei dos EUA, um tribunal federal teria que ter encontrado uma causa provável de que o alvo de vigilância era um "agente de uma potência estrangeira" para aprovar um mandato autorizando uma vigilância eletrônica da Trump Tower.
Indagado se tal ordem judicial foi emitida, Clapper respondeu: "Posso negá-lo".
Os democratas acusaram Trump de tentar desviar a atenção da polêmica crescente sobre possíveis elos com Moscou. Seu governo está sendo pressionado pelo FBI e por investigações congressionais que examinam contatos de membros de sua equipe de campanha e autoridades russas.
O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que Trump e autoridades governamentais não irão mais comentar o assunto até que o Congresso tenha finalizado seu inquérito, o que pode livrar o presidente de tentativas de obrigá-lo a explicar suas acusações.
"Relatos referentes a investigações potencialmente politicamente motivadas imediatamente antes da eleição de 2016 são muito perturbadores", disse Spicer em um comunicado.
O deputado republicano Devin Nunes, que preside o Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados, atualmente examinando possíveis elos entre a Rússia e a campanha de Trump, afirmou em um comunicado que qualquer possível vigilância sobre autoridades de campanha será parte da investigação.
(Reportagem adicional de Valerie Volcovici)