ROMA (Reuters) - O ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi renunciou neste domingo como chefe do governista Partido Democrático (PD), abrindo espaço para uma luta pela liderança, na qual irá enfrentar rivais que ameaçam romper a centro-esquerda.
Lutando por sua vida política, Renzi deixou claro que irá buscar a reeleição e alertou que conflitos internos no PD se mostram um presente ao principal oponente no Parlamento, o anti-establishment Movimento 5 Estrelas.
Uma década após sua fundação, o PD está à beira de uma separação que arrisca levar ainda mais instabilidade política à Itália, terceira maior economia da zona do Euro, marcada por anos de recessão, altas taxas de desemprego e dívidas crescentes.
Dissidentes do PD, incluindo o ex-líder Pierluigi Bersani, dizem que o partido se afastou demais de suas raízes esquerdistas. Apoiadores de Renzi dizem que os rivais são movidos pela animosidade pessoal e buscam expandir sua influência.
"A única palavra pior que 'cisão' é a palavra 'chantagem'. Me pedir para sair não é democrático", disse Renzi durante assembleia do partido em um hotel de Roma, confirmando que tentará novamente a liderança do PD, a qual ganhou pela primeira vez em 2013.
Renzi renunciou como primeiro-ministro em dezembro após perder um referendo sobre reforma constitucional, mas busca voltar ao poder e realizar a eleição nacional neste ano, e não no início de 2018, como planejado.
Isso irritou dissidentes do PD, que argumentam ser necessário um tempo maior para resolver os problemas do partido e desenvolver um manifesto que promova gastos sociais e combata a desigualdade.
Um dos maiores críticos a Renzi teve um tom inesperadamente conciliatório ao final do debate deste domingo, sugerindo que a crise interna possa ser resolvida.
"Estamos sentindo grande dor neste momento. Muitos camaradas estão vindo a mim, pegando em minha mão e dizendo que é importante ficarmos juntos. Isso está a nosso alcance", disse Michele Emiliano, chefe da região de Puglia.
Renzi não disse quando uma votação pela liderança será feita, mas aliados afirmam que ele pretende realizá-la antes das eleições locais de junho, temendo que uma derrota para o PD possa então diminuir suas chances.