Por Alonso Soto
BRASÍLIA (Reuters) - Um governo de Marina Silva acabaria com o atual programa do Banco Central de intervenção no câmbio, que tem mantido a moeda brasileira artificialmente forte por mais de um ano, disse à Reuters nesta quinta-feira o assessor econômico do programa da candidata do PSB à Presidência da República Alexandre Rands.
"Vamos acabar com isso", disse Rands, quando questionado sobre o programa diário de intervenção do BC no câmbio. "Isso não quer dizer que não possa ter pequenas atuações momentâneas para eliminar volatilidade, mas não uma política de mais de um ano simplesmente valorizando a moeda nacional."
Desde agosto do ano passado, o BC sob o governo da presidente Dilma Rousseff mantém um programa de intervenção no câmbio com o objetivo de diminuir a volatilidade do mercado. Isso começou quando a moeda norte-americana se aproximou de 2,45 reais, diante de incertezas sobre o rumo da política monetária ultraexpansionista do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos.
Rands disse ainda que Marina, se eleita, priorizará a luta contra a inflação via redução dos gastos públicos e melhora da eficiência na arrecadação. Segundo ele, o contingenciamento no Orçamento da União em 2015 poderia alcançar "até 100 bilhões de reais" para gerar um superávit primário que ajude a reduzir a inflação.
O economista afirmou também que uma administração Marina buscaria reduzir a meta de inflação oficial, que é atualmente de 4,5 por cento ao ano, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Sobre a taxa básica de juro, Rands disse que o patamar atual da Selic, em 11 por cento ao ano, pode ser "mais que suficiente" para controlar a inflação se suportada pela política fiscal.
"Talvez com Marina essa taxa de 11 por cento seja mais que suficiente para controlar a inflação, desde que você tenha uma gestão fiscal adequada", disse ele.
Marina, que ascendeu à corrida presidencial após a trágica morte do candidato socialista Eduardo Campos em um acidente aéreo em agosto, tem aparecido nas pesquisas de intenção de voto empatada em simulação de segundo turno com Dilma, que tenta a reeleição.