Por Muyu Xu e Josephine Mason
PEQUIM (Reuters) - A China está considerando permitir que suas províncias do norte decidam os cortes de produção individuais pela indústria pesada para conter as emissões durante o inverno, descartando um plano anterior de cortes generalizados em uma aposta ousada para limpar o ar notoriamente poluído do país.
A conversa sobre o movimento derrubou os preços do aço e de matérias-primas da indústria e surge num momento em que Pequim tenta encerrar sua política única contra a poluição, elaborando políticas diferenciadas que reflitam as condições locais para limitar as pertubações econômicas.
"Os cortes de produção na indústria pesada continuarão neste inverno, mas as autoridades locais determinarão as taxas de corte detalhadas com base em sua própria situação", disse uma fonte envolvida no plano.
Não está claro quando o Ministério de Ecologia e Meio Ambiente (MEE, na sigla em inglês) anunciará uma decisão formal, acrescentou a fonte, que se recusou a ser identificada já que o plano ainda não é público.
O MEE não respondeu a um pedido de comentário.
Se adotada, a mudança seria mais um sinal de aperfeiçoamento da política de Pequim em sua luta de anos contra a poluição.
Também facilitaria as propostas abrangentes do plano preliminar do MEE, divulgado pela Reuters no mês passado, para cortes de 50 por cento na produção de aço e de 30 por cento no alumínio primário em algumas áreas, que são semelhantes às medidas do último inverno.
Este será o segundo ano em que a China forçará usinas siderúrgicas, fundições de alumínio e outras indústrias pesadas nas regiões poluídas do norte a cortar a produção durante o inverno, quando as emissões das centrais elétricas movidas a carvão aumentam para atender à crescente demanda por aquecimento.
A período de maior uso de aquecimento começa em novembro e termina em março.
Transferir a responsabilidade por essas restrições aos governos provinciais é arriscado, já que as autoridades regionais podem estabelecer metas mais brandas do que as que Pequim deseja, colocando o crescimento econômico e empregos acima da luta contra a poluição.
No entanto, qualquer redução nas medidas de poluição pode liberar parte da pressão sobre a segunda maior economia do mundo, já que a guerra comercial de Washington com Pequim não dá sinais de terminar.
"A mudança de política pode indicar que as taxas de corte de produção podem ser menores que as expectativas do mercado", disse Zhuo Guiqiu, analista da Jinrui Futures.
"As autoridades locais, especialmente aquelas que dependem largamente da indústria pesada, teriam menos incentivo para realizar restrições à produção se a pressão do governo central diminuir."
PREÇOS EM QUEDA
Algumas autoridades, no entanto, podem introduzir planos mais rigorosos para atender às metas ambientais politicamente importantes. No ano passado, a província de Shanxi expandiu voluntariamente seus cortes de produção para mais cidades e adotou as restrições mais cedo que o exigido por Pequim.
Ainda assim, a pressão sobre alguns dos maiores poluidores do ar continua alta.
A cidade de Tangshan, principal centro siderúrgico da China, adotou medidas rigorosas neste verão para melhorar seu ar, após não atingir as metas de 2017.
O movimento também levanta preocupações de que o MEE possa estar afrouxando sua postura dura em relação à poluição. No mês passado, Pequim reduziu as metas de melhoria do ar nas regiões do norte para este inverno.
Os preços do aço e de matéria-prima industrial caíram com a notícia dos cortes potencialmente mais fracos na produção.
O futuro de coque mais negociado para entrega em janeiro caiu até 5 por cento, enquanto as bobinas de aço laminadas a quente e vergalhão de aço recuaram 4,6 por cento e 4,3 por cento, respectivamente.