Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O financiamento climático global dos bancos multilaterais de desenvolvimento cresceu 25% em 2023, atingindo um recorde de 125 bilhões de dólares, de acordo com relatório divulgado nesta sexta-feira, com o crescimento mais rápido vindo dos países mais ricos.
De acordo com o relatório, o financiamento climático para economias de alta renda, uma categoria do Banco Mundial baseada na renda nacional bruta per capita, aumentou 30%, chegando a 50,3 bilhões de dólares. O financiamento climático refere-se ao financiamento de atividades relacionadas à mudança climática e pode incluir doações, empréstimos e receitas de títulos.
A expansão do financiamento climático dos bancos multilaterais em economias de baixa e média renda foi menor, crescendo 23% e chegando a 74,7 bilhões de dólares.
O relatório inclui dados de 10 instituições, incluindo o Banco Mundial e bancos de desenvolvimento com foco na Ásia, Europa, África, América Latina, Caribe e países dos Brics.
O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Ilan Goldfajn, disse que o crescimento do financiamento climático foi significativo, mas enfatizou a necessidade de esforços mais ambiciosos para enfrentar os crescentes desastres climáticos, desde ondas de calor até inundações.
"Esse é um desafio que vai além das linhas políticas, dos países, da geografia e da renda. É uma questão com a qual todos devem lidar", disse ele, antevendo uma mensagem a ser entregue na Assembleia Geral das Nações Unidas e na Semana do Clima em Nova York neste mês.
Individualmente, os países que mais receberam financiamento climático das instituições no ano passado foram França (7,4 bilhões de dólares), Espanha (7 bilhões de dólares de dólares) e Itália (6,7 bilhões de dólares).
Muitas economias emergentes, que geralmente enfrentam recursos financeiros mais escassos e maior vulnerabilidade a condições climáticas extremas, pediram mais apoio financeiro para mitigar a crise climática, especialmente porque os custos de financiamento da dívida aumentaram.
Grande parte do crescimento dos investimentos voltados para o clima tem sido destinado à energia renovável e à redução de emissões, em vez de adaptação aos impactos da mudança climática, como a elevação do nível do mar e secas, incêndios e tempestades mais intensos.
Dos 125 bilhões de dólares que as instituições direcionaram para o financiamento climático no ano passado, 27,7 bilhões, ou 22% do total, foram destinados à adaptação à mudança climática, uma queda em relação aos 25% de 2022.