O que está por vir para o comércio EUA-Brasil? Especialista responde
Investing.com – Uma deterioração inesperada nas condições do mercado de trabalho dos Estados Unidos poderia levar o Federal Reserve a considerar um corte nas taxas de juros já em julho, segundo avaliação do Morgan Stanley (NYSE:MS).
Em nota divulgada a clientes, o banco destacou que o presidente do Fed, Jerome Powell, defendeu uma postura de cautela diante de decisões futuras sobre política monetária, durante um painel com autoridades globais no Fórum do Banco Central Europeu, realizado em Sintra, Portugal.
Powell afirmou que as tarifas generalizadas impostas pelos EUA geram incerteza sobre o cenário econômico, argumento que reforça a necessidade de prudência por parte do Fed na condução de sua política de juros.
Apesar da pressão política crescente exercida pelo presidente Donald Trump, que defende cortes mais rápidos no custo do crédito, Powell indicou que a maioria dos integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) considera adequado iniciar um ciclo de redução ainda este ano. Segundo os analistas do Morgan Stanley, isso incluiria a próxima reunião, marcada para julho.
O presidente do Fed também sugeriu que, não fosse pela política tarifária agressiva da Casa Branca, o ciclo de afrouxamento já teria sido retomado. "Nós paramos quando vimos a magnitude das tarifas", declarou Powell, ressaltando que os alertas de economistas sobre o risco inflacionário e os efeitos adversos sobre a atividade foram levados em conta.
Ainda assim, Powell ponderou que, enquanto a economia americana demonstrar resiliência, a conduta mais responsável seria aguardar novos dados para avaliar os impactos das medidas comerciais. “A atitude prudente é esperar e entender melhor os possíveis efeitos [das tarifas]”, afirmou.
Diante desse pano de fundo, o Morgan Stanley apontou que o relatório de emprego referente a junho, que será divulgado nesta quinta-feira, ganhou ainda mais peso na formulação das expectativas de política monetária.
"Ao não descartar explicitamente a possibilidade de corte já em julho e ao sinalizar atenção especial a eventuais sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho, Powell elevou a relevância do próximo payroll", escreveram os analistas.
Segundo o banco, uma fraqueza “inesperada” seria caracterizada por uma estagnação na criação de vagas e/ou uma taxa de desemprego que ultrapasse 4,6%.
A expectativa consensual dos economistas é de que as folhas de pagamento não agrícolas tenham crescido em 120 mil em junho, desaceleração em relação aos 139 mil registrados no mês anterior.