Brasília, 16 jul (EFE).- O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, iniciará nesta segunda-feira em Washington, nos Estados Unidos, uma rodada de consultas com o objetivo de reverter o embargo que o governo americano impôs sobre a carne bovina fresca do Brasil, informou neste domingo o seu gabinete.
A suspensão dessas importações foi anunciada em 22 de maio pelo Departamento de Agricultura dos EUA, que detectou alguns lotes de carne fresca do Brasil que não cumpriam com os requisitos sanitários exigidos por esse país.
A medida foi consequência de um reforço na vigilância sobre a carne brasileira, uma medida tomada dois meses depois que explodiu no Brasil a Operação Carne Fraca, que descobriu a atuação de fiscais sanitários e empresários em uma rede dedicada a adulterar produtos vencidos, que ainda assim eram vendidos nos mercados interno e externo.
Esse escândalo levou uma série de países a suspender todas as suas importações de carne brasileira, mas a maioria deles reverteu a medida após receber explicações e garantias do governo sobre a eliminação dessas práticas corruptas.
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne do mundo e a JBS (SA:JBSS3), uma das empresas mais importantes do setor, também está envolvida nas suspeitas de corrupção que atingem o próprio presidente Michel Temer, que foi denunciado pelo Ministério Público Federal por supostamente receber propina desse grupo.
As exportações de carne fresca ao mercado americano representaram investimentos na ordem de US$ 50 milhões para o Brasil entre janeiro e maio deste ano e, apesar de não ser o segmento mais importante das exportações, o embargo afeta a imagem do país como um fornecedor seguro desses produtos.
Segundo a informação divulgada hoje pelo Ministério da Agricultura, Maggi se reunirá amanhã com o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, e na terça-feira comparecerá a uma reunião com diretores do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos, na qual estarão presentes muitos dos grandes importadores de carne brasileira.
As autoridades brasileiras reconheceram que os lotes que justificaram o embargo às carnes frescas apresentavam "alguns abscessos", que atribuíram a uma "reação" dos produtos à vacina que é aplicada no gado para prevenir a febre aftosa.
No entanto, as autoridades garantiram que essas "reações" não representam riscos para a saúde, nem afetam a "qualidade" dos produtos e que os controles internos dessas carnes foram reforçados e adequados plenamente aos requisitos sanitários dos EUA.