Por Guy Faulconbridge e Ron Bousso
LONDRES (Reuters) - Ativistas do Greenpeace bloquearam a entrada da sede da BP em Londres nesta segunda-feira, pedindo que a companhia, uma das maiores petroleiras do mundo, encerre a exploração de novas áreas de petróleo e gás ou deixe o negócio.
Os ativistas chegaram ao prédio na St. James' Square (NYSE:SQ), no centro de Londres, às 3 horas da manhã do horário local, encaixando-se em contêineres especialmente projetados para bloquear todas as entradas principais.
Um grupo de ativistas desceu do topo de prédio, colocando grandes letras sobre as janelas com a mensagem: "EMERGÊNCIA CLIMÁTICA".
"A BP está alimentando uma emergência climática que ameaça milhões de vidas e o futuro de nosso mundo", disse Paul Morozzo, um ativista do Greenpeace.
"A ciência é clara- nós devemos parar de procurar por mais petróleo e gás se quisermos um planeta habitável. A BP precisa se tornar limpa ou então dar o fora", afirmou ele.
A BP disse que impedir a entrada e a saída do edifício é algo perigoso e "claramente uma questão para a polícia resolver com a maior rapidez possível."
"Acreditamos que é bem-vinda a discussão, o debate, e até mesmo protestos pacíficos sobre a importante questão de como todos nós devemos trabalhar juntos para enfrentar o desafio climático", acrescentou a BP em seu comunicado.
A BP deve realizar sua assembléia geral anual de acionistas na terça-feira na cidade escocesa de Aberdeen. O Greenpeace disse que manterá a sede da companhia em Londres fechada por pelo menos uma semana.
"Em sua assembleia amanhã, o CEO da BP, Bob Dudley, tem uma escolha - ele pode imediatamente acabar com a exploração de petróleo e começar a mudar para 100% de energia renovável, ou então será o início do fim da companhia", disse Morozzo.
A BP apoiou neste ano uma resolução que será apresentada aos investidores na terça-feira, para que a companhia seja mais transparente sobre suas emissões, inclusive vinculando o pagamento de executivos à redução das emissões das operações da BP e buscando mostrar como seus futuros investimentos atendem o compromisso de Paris de 2015 de limitar o aquecimento global.
Mas como as emissões de carbono da BP em 2018 subiram para o máximo em seis anos, a maior empresa londrina está sendo pressionada por ativistas e um número crescente de acionistas para garantir que suas operações estejam alinhadas com as metas estabelecidas pelo acordo climático de Paris.
Não é só a BP quem tem sido alvo-- no mês passado, ativistas ambientais liderados pelo grupo britânico "Extinction Rebellion" escalaram andaimes na sede londrina da petroleira Royal Dutch Shell, pintando slogans em vermelho enquanto ativistas se colavam às portas do prédio.
A Shell concordou com as metas mais ambiciosas do setor para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
A BP, que emprega 73 mil pessoas, produz 3,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia - mais do que membros da Opep, como os Emirados Árabes Unidos ou o Kuwait.
A BP disse que pretende manter as emissões de suas operações estáveis na década até 2025, mesmo com o forte crescimento em seus negócios, que vêm sendo reconstruídos após a companhia ter enfrentado 67 bilhões de dólares em multas e custos de limpeza após um desastroso vazamento de petróleo do Golfo do México em 2010.