BEIRUTE (Reuters) - O grupo militante Estado Islâmico tomou o controle de um campo de gás sírio e matou ao menos 23 pessoas nesta quinta-feira em um dos confrontos mais sangrentos entre o grupo, que é uma dissidência da Al Qaeda, e as forças do presidente Bashar al-Assad, informou uma organização de monitoramento na região.
O Estado Islâmico tem conseguido ganhos rápidos na Síria nas últimas semanas, principalmente ao dominar territórios de grupos rebeldes rivais usando armamento trazido do Iraque, onde no mês passado os militantes conseguiram conquistar o controle de grandes áreas, das quais expulsaram as forças do governo.
Ativistas dizem que a força aérea síria nas últimas semanas aumentou os ataques sobre as posições do Estado Islâmico, anteriormente conhecido como Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
Na quinta-feira de manhã o grupo lançou um ataque contra o campo de gás de Sha'ar, a leste de Homs, matando ao menos 23 dos homens que faziam a segurança do local, avançando de diferentes direções, informou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com base no Reino Unido.
O Observatório, que monitora a violência na Síria através de uma rede de fontes no país, citou "fontes confiáveis" e afirmou que 340 membros das forças do governo e de milícias leais a Assad tinham sido feitos prisioneiros, estariam feridos ou mortos.
"Desde o início do ano, há confrontos entre o Estado Islâmico e o regime em algumas áreas, mas esses foram os maiores", disse o diretor do Observatório, Rami Abdurrahman.
Grandes confrontos anteriores entre forças do governo e do Estado Islâmico geralmente envolveram outros grupos rebeldes, disse ele. Os dois lados também se enfrentaram em outras áreas, com menos vítimas, disse Abdurrahman.
Não foi possível verificar imediatamente os relatos. A mídia estatal síria não fez menção ao ataque.
Cerca de 30 pessoas conseguiram escapar para o campo de Hajjar, nas proximidades, acrescentou o Observatório.
O Estado Islâmico já havia assumido o controle de campos de petróleo no Iraque, bem como na província de Deir al-Zor, no leste da Síria. O grupo já foi afiliado à Al-Qaeda iraquiana, mas a organização o expeliu da rede em fevereiro, com a escalada das tensões durante a sua expansão na Síria.
O Estado Islâmico declarou um "califado" nas áreas em que atua no Iraque e na Síria, que incluem a cidade síria de Raqqa, bem como Mosul, no Iraque.
O Observatório afirma que mais de 170 mil pessoas foram mortas no conflito da Síria, que começou como um movimento de protesto pacífico em 2011, mas se tornou uma guerra civil multilateral após a repressão do governo.
(Reportagem de Alexander Dziadosz)